Ressaca geralmente não são boas, mas nada como curá-las num bar no dia seguinte. Temos que beber pra esquecer e comemorar. Temos que ter ressacas educativas.
Poucas são as dores da vida que não podem ser amortecidas com álcool. Entre um copo e outro, muitas vezes você não conclui nada de muito profundo. Outras vezes você consegue resolver tudo aquilo que passa pela tua cabeça, digerindo informações cruas e duras e se conformando com os rumos que a vida tomou. Em alguns casos ocorrem as “ressacas educativas“.
O porre é um elemento fundamental sempre que um baque moral quase irreversível se faz presente. Óbvio que também o fazemos nas comemorações. No chifre ou na formatura. Pra esquecer ou pra comemorar, mas poucos porres são tão emblemáticos quanto o porre pra esquecer. A necessidade de fugir e/ou de aceitar a realidade torna esse momento triste uma espécie de microconto da tragédia particular daquele bêbado infeliz.
Há luz na depuração da tristeza pelo álcool, um bêbado triste é como um desesperado em prece, tendo o bar como seu confessionário e o banheiro como sua igreja. O porre é educativo, as ressacas educativas. É redenção e penitência. É quando você refaz seus planos da forma mais absoluta possível. A penitência sempre chega no dia seguinte, fantasiada de ressaca. Dessa ressaca, geralmente vem a redenção. Isso, se só uma bastar…
Brindar as ressacas educativas no bar, no dia seguinte
Não pode haver lugar melhor para brindar a tristeza, a decepção e a ingratidão de alguém do que na mesa do bar. Ali filtramos as mentiras que nos foram contadas e todas às vezes que bocas e olhos te enganaram! Não poderia ser diferente, o bar é, mais do que qualquer coisa, um estabelecimento que permite que as pessoas se unam para salvar o mundo. Mesmo que naquele dia, o seu tenha desmoronado. Assim, sempre somos todos salvos.
Além de toda educação e de toda carga implícita a um ambiente tão complexo e nobre, também temos arte! A desgraça ébria, ou o ébrio da desgraça, como queiram, é um lugar onde também existe arte! Seguir em frente é uma arte. Enxugar as lágrimas com o próprio papel de trouxa e fazer um origami pra levar pra vida é artístico e educativo.
Finalizando
O álcool e o bar são capazes de operar milagres, belíssimos milagres. Como tudo na vida, tem seu momento e sua hora. O excesso é autopiedoso por si só, mas liberta, mesmo que não seja da forma mais bonita do mundo. A vida ensina que decepção com álcool não matam, só ensinam a viver. Sem álcool também, mas nada pode ser tão bom quanto acelerar esse processo pedagógico.