Recife é a capital que mais consome whisky no mundo inteiro, de acordo com a The Whisky Magazine.
Há cerca de um ano atrás fui para o Recife à trabalho e acabei fixando residência por lá. Dona de uma arquitetura bacana, bonitas praias e um povo acolhedor, Recife não me chamou atenção só por estes motivos. A capital de Pernambuco possui uma vida noturna bacana, com diversos bares, opções culturais e shows para todas as tribos. Até aí tudo bem. Mas o que mais me despertou curiosidade foi o fato de o recifense adorar whisky. Isso mesmo! Eles amam Whisky.
Eu, como a maioria das pessoas, pensava que Escócia era o maior consumidor de whiskies do mundo. Me enganei: o povo de Recife lidera o ranking mundial dos que mais apreciam a bebida. As informações foram divulgadas pela conceituada revista inglesa The Whisky Magazine.
Segundo Eduardo Blohm Bendzius, diretor de marketing da Diageo – que controla as marcas Smirnoff, Johnnie Walker, Captain Morgan, Baileys, J & B, José Cuervo e a cerveja Guinness -, a empresa destina ações específicas para Pernambuco.
O Brasil, hoje, é o país onde mais se consome Johnie Walker Red Label no mundo, e Recife corresponde a pelo menos 40% desse volume.
Na capital de Pernambuco, o consumo de whisky tem algumas particularidades, como o costume de ser bebida com gelo produzido com água de coco. A cidade também apresenta uma cultura de destilados que abarca bebidas com o rum e a cachaça.
Por esse motivo não é raro se ver outdoors espalhados pela cidade trazendo a velha bebida escocesa estampada sob seus holofotes. Além disso, as destilarias realizam diversos eventos onde o carro chefe é o bom e velho scotch. Só no mês passado houve dois eventos muito bacanas: um festival patrocinado pelo Jack Daniel´s e outro evento, de menor porte, pela Johnnie Walker.
Bem, até agora só vi vantagens. Ainda assim não conseguia entender o motivo dessa paixão. Lendo um pouco a respeito achei alguns possíveis motivos.
A influência britânica
O Recife é famoso pela influência holandesa, mas os britânicos também deixaram marcas importantes por lá. Imigrantes do Reino Unido que trabalhavam em empresas têxteis, de transportes (como bondes) e telégrafos criaram clubes de campo, tinham seu próprio hospital e até um cemitério, fundado em 1852 – até pouco tempo, ainda eram celebradas missas anglicanas no Cemitério dos Ingleses.
Responsáveis por criar os principais times de futebol da cidade, como o Sport Club do Recife e o Clube Náutico Capibaribe, os ingleses trouxeram consigo o hábito de consumir o whisky direto da terra da rainha. Foi só uma questão de tempo para que a população local começasse a copiá-los por uma questão de costume adquirido e, claro, status.
O Bar do 28, no Recife Antigo
Recife fica em um ponto estratégico no mapa do País, e possui um porto com fácil acesso para saída e chegada de mercadorias da Europa. Fundado no final da década de 30 – uma época em que comprar whisky não era algo tão fácil – o Bar do 28 se valia da localização privilegiada próxima ao porto para conseguir montar um estoque. Como o local era um reduto de advogados, políticos e homens de negócio, o consumo se difundiu no mercado de luxo.
Mas praia combina com Whisky?
Créditos: Naiyasit Bunsang
Me fiz essa pergunta ao notar o hábito do recifense. Como uma cidade que faz calor o ano todo pode ter tantos consumidores de uma bebida destilada? Ao contrário do que muitos possam pensar, o whisky não é uma bebida para ser tomada apenas em climas mais frios. Essa associação com o clima é feita provavelmente por causa dos países de origem da bebida, que é produzida principalmente em países do Reino Unido, como Irlanda e Inglaterra, além da Escócia, onde as temperaturas são mais baixas. E para por aí!
Com o recifense eu aprendi que não existe temperatura especifica para beber qualquer tipo de bebida.É apenas uma questão de hábito e gosto. Prova disso é a própria cachaça, um destilado tão forte quanto o whisky e criado sob o calor das terras tupiniquins. Já a vodka é outro produto importado de um país com temperaturas abaixo de zero que também é bastante consumida por aqui.
Concluindo
Recife não é feita só de suas praias e seus rios, do seu povo hospitaleiro, da sua rica cultura, das obras do Brennand, da música de Gonzaga, da sua gastronomia rica e diversa e do seu lindo e animado carnaval. A cidade possui uma vida boêmia interessante com bares para todos os gostos no Recife antigo e em Boa Viagem, além de hábitos bastante interessantes como beber whisky na hora que der vontade.
E aí? Bora tomar uma dose servida com gelo de água de coco na beira da praia?