O Grinch do Carnaval do Rio?

Infinitas mentiras ajudam a desenhar o estereótipo do cidadão de cada cidade ou região do país. É aquele papo do baiano preguiçoso que ama axé, do curitibano que sabe tudo sobre Leminski, do paulista que ama trabalhar, do gaúcho que, bom… vocês sabem. E do carioca que ADORA o carnaval do Rio.

Sim, eu me considero muito carioca, carioca pra caralho! E tenho um puta orgulho disso! Com todos os meus erres arrrrastados, com meus chiados caracterísshhticos e tudo que tenho direito. Gosto muito de um bom samba, sou feliz e besta por morar em Vila Isabel e me sinto à vontade transitando por toda a cidade. O Rio não se resume, pelo menos pra mim, só ao eixo Barra – Zona Sul. Talvez a Barra seja o lugar que eu mais deteste em todo o Rio. Justamente por ser muito pouco Rio.

Eu odeio carnaval…

cara pro carnaval

O problema dessa brincadeira toda é que a conta passa a não fechar para as pessoas a partir do momento que eu falo que O-D-E-I-O carnaval. Calma, gente! Eu vou explicar. Eu gosto do desfile, da cidade enfeitada e tal, até da desgraça provocada no trânsito e nas vias por conta dos blocos. Fico em casa de boas, fazendo várias coisas que me deixam feliz.

O meu problema é que acho que as pessoas acreditam demais na realidade paralela que o carnaval parece abrir. As pessoas passam o ano inteiro sendo conservadoras, pagando de responsáveis e sendo devotos de uma série de outras caretices que nem tenho como elencar. Eis que, no carnaval, tudo muda. Pode beber pra caralho, pode transar sem critério, pode se fazer tudo que se tem vontade. E isso realmente me incomoda.

O eterno bêbado faixa branca

Bêbado sendo carregado

Incomoda porque sei que grande parte dessa galera que enche a cara no carnaval não o faz durante o ano e aí vira aquele tipo insuportável de bêbado faixa branca, inconveniente pra caralho que só faz merda e fode, inclusive, com o carnaval de alguns amigos, que se compadecem dessa pobre alma e acabam ajudando.

Incomoda pra cacete porque tem muita gente que sai por aí, amando livremente sem saber que isso pode ser feito durante todo o resto do ano sem justificar o rótulo de puta ou de cafajeste que acabam colocando nos amiguinhos e amiguinhas que não usam o carnaval como pretexto pra isso.

Irrita pra caralho porque as pessoas começam a achar que a cidade é um misto de folia, lixeira e banheiro público, mijando em todo e qualquer tipo de lugar que considere conveniente.

Talvez o meu problema principal não seja o carnaval, mas a quantidade de gente que usa a narcose coletiva do carnaval como motivo pra fazer tudo aquilo que não tem coragem pra fazer em suas vidas “normais” ou sem a proteção de uma fantasia ou realidade paralela.

Finalizando

Seria perfeitamente normal e legal pra caramba se as pessoas vivessem suas vidas respeitando que algumas pessoas conseguem viver o ano inteiro como se fosse carnaval, só são um pouco mais responsáveis e não merecem rótulos por isso.

Mesmo assim, é o meu ponto de vista, respeito o de vocês, que amam o carnaval, como 95% das pessoas que eu gosto. Um bom carnaval pra vocês. Sabem os cuzões do carnaval? Então, não sejam essas pessoas.

Bjin!