Veja o que rolou de ruim e de bom na Oktoberfest Rio, a versão carioca do conhecido evento cervejeiro que rola na Alemanha e Brasil.
Uma das coisas que mais me deixam pistola é ser feita de boba. Foi assim que me senti nesse final de semana na Oktoberfest Rio, promovido pelo nosso caso de amor e ódio, Ambev, na Marina da Glória. O evento foi um verdadeiro fiasco, deixando muita gente que investiu dinheiro e tempo #xatiada.
Os indícios não mentiam
Assim que soube do evento, com umas três semanas de antecedência, comprei meu ingresso para o domingo, último dia, no valor de R$50 a meia. Já foi meio complicado entender as regras da meia entrada, tentei contato com a organização e a Ingresso Certo, mas não obtive sucesso. Primeiro ponto preocupante, mas acabei comprando de qualquer forma.
A promessa era uma grande festa com música alemã, comida alemã, MAIS DE 150 RÓTULOS PARA DEGUSTAÇÃO, e ótimas atrações nos palcos (Elza Soares, Beth Carvalho, Mart’nália, entre outros nomes).
Comprei, esqueci, continuei vivendo a vida.
No domingo de manhã, decidi olhar a página da Oktoberfest Rio para ver o que o povo estava comentando. A maioria esmagadora dos comentários era aterrorizante! Basicamente as queixas eram que o evento cervejeiro não tinha cerveja (oi?), com cerveja quente e preços altíssimos.
Vendo os comentários minhas expectativas obviamente caíram vertiginosamente, mas, se já tava pago, vambora.
150 rótulos na Oktoberfest Rio meu útero
O lugar estava bem bonito, feito não muito difícil quando se trata da Marina da Glória. Foi um pouco esquisito na hora de entrar, pois onde estava escrito “bem-vindo” na verdade era a saída do evento. Ok… A entrada ficava bem mais a frente, uma caminhada gostosa vendo os iates dessas pessoas ricas que nunca serão minhas amigas.
A verdadeira entrada do evento era bem bonitinha, alimentando o público de uma falsa esperança sobre o evento.
Era uma estrutura grande, vários stands, caixas, etc. Como sempre faço num evento cervejeiro, fui analisar minhas opções de cervejas. Stands da Colorado, Hoegaarden, Goose Island, Wäls, Serramalte, Patagônia e o basicão da Ambev.
Eu queria muito que alguém me fizesse engolir as palavras: NÃO TEM 150 RÓTULOS NEM FUDENDO! Mas, beleza. Fui na Goose, que certamente ia ter alguma coisa legal para começar. Cheguei no stand e achei estranho não ter torneira nenhuma. Perguntei pra mocinha muito solícita no balcão “Ué, cadê as torneiras?”. E ela me explicou que não tem torneira, é garrafa mas não é permitido transitar com garrafas, então ela abriria a garrafa e colocaria no copo plástico.
Quê??? Não tem torneira, é garrafa mas não pode garrafa? Gente…
Que preço é esse, meu irmão???
Mas, beleza de novo. Fui olhar o cardápio e quase tive um troço: PREÇOS ABSURDOOOOS!!!!. Papo de R$40 uma garrafa! Achei que fosse reclamação de quem não sabia que cervejas especiais são mais caras mesmo, mas quem não sabia de nada era eu.
Fui olhar no stand da Colorado só pra passar mais raiva: uma garrafa de Indica (a que às vezes tem promoção de R$11,99 no mercado, sabe?) custava R$35! Cara, isso é muita sacanagem! Não era sem motivo que estes stands estavam às moscas e as atendentes morrendo de tédio…
A grande peregrinação para conseguir cerveja na Oktoberfest Rio
A essa altura eu já estava parecendo aquele GIF do John Travolta me perguntando o que estava fazendo naquele lugar. Poxa, já que saí de casa iria pelo menos beber uma cervejinha, né? Vi no caixa uma promoção de dois chopes Brahma por R$16.
A última coisa que queria beber era Brahma, mas eu não tinha coragem de comprar cerveja ultra inflacionada. Então, bora de Brahma mesmo. Fui no caixa, peguei o cartão, carreguei o danado com o dinheiro certinho, pois já tinha lido que eles não devolveriam o excedente.
Cheguei no stand da Brahma e a moça informou que não era lá, que só no caminhão ou dentro do galpão. Nada mais me espantava, aceitei rápido e atravessei o espaço em direção ao tal caminhão. Fiquei na fila. Quase na minha vez me dei conta de que eu precisava do tal do ecocopo. Putz.
Lembrei de ter visto um pessoal na entrada do evento com um letreiro bem grande escrito Ecocopo. Bora pra entrada de novo (era longe, tá?). Abordei o grupinho conversando sorridente:
– Quero dois copos.
– A gente não vende, estamos aqui só pra mostrar, para pegar o copo tem que ir na casinha ali…
Segurei minha vontade de dar na cara de alguém e voltei, achei a porcaria da casinha e fiquei na fila para pegar um “ecocopo”, que não passava de um copo plástico fedorento e feio, que você comprava por R$8 (quando em qualquer outro lugar é R$5). A tal da casinha fedia tanto a plástico que eu torço de verdade que os atendentes lá dentro tenham recebido adicional de insalubridade por ter respirado aquilo tanto tempo.
Agora, vejam bem: tu paga R$100 num ingresso (esse é o preço do ingresso integral) e não ganha nem a porcaria de um copo plástico horroroso para levar para casa de lembrança e depois fazer propaganda da Ambev nos churrascos da família (sim, eu acredito que quando acabarem as eleições todo mundo vai fazer as pazes e teremos churrascos de novo). Pelo menos dava para pegar o dinheiro de volta na saída do evento, mas tinha que voltar na casinha fedorenta…
Finalmente já estava pronta para pegar uma cerveja. Como o tal do caminhão já estava muito longe, fui para o galpão e depois de procurar um pouquinho, achei o local certo e pude finalmente tomar aquele chopp sem gracinha e mal tirado, mas pelo menos não estava quente (ô, sorte!).
E as atrações?
No galpão era uma tristeza só. Bem vazio, ao ponto de duas crianças estarem andando de patins entre as mesas. Estava tendo apresentação de uma banda muito interessante, mas, que sinceramente, não tinha nada a ver com o momento.
Responde com sinceridade: você colocaria pra animar sua festa uma banda que faz releitura de Bach e Brahms com um arranjo de bossa nova? A ideia é legal, os caras eram muito bons mesmo, mas aquele não era o lugar. Tanto tenho razão que eles tocaram para vários espaços vazios…
No palco do lado de fora, o evento teve finalmente a oportunidade de se redimir um pouquinho. A rainha Beth Carvalho, deitada num sofá no palco, fez um show muito lindo e emocionante. E foi vendo aquela mulher maravilhosa cantar que eu pela primeira vez fiquei feliz de estar ali.
Para coroar no final: diferenciação de gênero nos prêmios na Oktoberfest Rio
Já consciente de que mais nada de bom poderia acontecer, decidi ir embora. Procurei a saída, que era muito longe da entrada e sem nenhuma sinalização. Ao cruzar o galpão, vi que o apresentador estava lá anunciando que aconteceria em breve a competição do chopp a metro. Ele anunciou os prêmios:
– Para os homens, um chapeu, uma caneca cheia de cerveja e mais um prêmio surpresa!
Legal, e para a mulher vencedora?
– Para as mulheres o prêmio é uma camiseta, UMA COROA, e mais um prêmio surpresa!
Eu quero saber o que passa na cabeça do indivíduo que acha que uma mulher que disputa chopp a metro vai preferir ganhar uma coroa a uma caneca cheia de cerveja. 2018 e ainda tem uma diferenciação de gênero absurdo desses? Tomem vergonha!!!
PRA FINALIZAR…
Caso não tenha ficado claro: o evento foi bem fraco e se não fosse pela diva Beth Carvalho, seria um fiasco completo! Arrisco dizer que foi o pior evento de cerveja que já fui. Para o ano que vem (se é que alguém vai ter a coragem de repetir esse evento ano que vem) melhor repensar todo o conceito, planejar do zero e ter mais respeito com o público.
E você, foi no Oktoberfest Rio? Passou raiva também? Conta aí!