Primeiro capítulo da nova novela Etílica do Papo de Bar, O Canalha Inexperiente. Um cara que se tornou pegador, comeu a garota gata do colegial, agora se tornou "famoso".
O ano de 2007 foi muito bom. Eu tinha 22 anos, um ótimo emprego como advogado num escritório especializado em Direito de Família, ganhava bem (sem carteira assinada), puxava um ferro de segunda à quinta (academia paga pelo pai), estava em forma e tinha um carro (que era do meu pai na verdade, mas ninguém sabia). Por conta da soma desses fatores, o “papai” aqui tava picudo.
Quanto mais fama, melhor…
Assim como pênis grande, a fama precede o homem. Eu já não estava mais naquela época de pegar gordinhas e nem as magricelas com cabelo repleto de creme e aquele com cheirinho de Leite de Rosas. Eu estava bombando apenas as minas com corpo mais ou menos decente com poucas espinhas e algumas estrias. Foi a minha melhor época no quesito ginecológico.
A confiança e a testosterona transbordavam e escorriam pelo chão espantando a concorrência e fazendo de mim o macho-alfa das nights que eu freqüentava. Foi numa dessas noitadas que eu reencontrei Talita, menina rabuda, baixinha e peitinhos de pêssego. Coisa fina com bafo de cachaça e cigarro, mas, ainda assim, carne da boa. Ok, a carne era de segunda, mas costela também é de segunda e não deixa de ser gostosa.
Ah Talita, grande amante do status e dinheiro…
Talita fora uma conhecida do colégio que jamais caíra nos meus papos furados naquela época. Agora que eu trajava roupas de grife e tinha um carro possante (mesmo sendo de 98), eu podia fazer as regras do jogo.
Conversa vai, conversa vem… pimba na menina! Peguei a rapariga e arrastei para a minha cobertura para terminar o trabalho.
Um adendo, por favor…
Antes de continuar, é preciso fazer um adendo: A cobertura não era minha. Meu antigo prédio tinha um terraço com piscina e churrasqueira para uso dos condôminos. Ocorre que na hora de contar a história, eu sempre dizia que era minha a cobertura. A tática funcionava bem e quando elas viam que eu estava mentindo, ficaria difícil elas mudarem de idéia, pois já estariam no local do abate.
Lá, debaixo de um belíssimo céu estrelado, eu e Talita consumamos nosso amor à primeira vista. Nada romântico e extremamente carnal, fizemos nossa parte, trocamos telefones, eu a deixei em casa e voltei para repousar na minha.
Agora sim, “sideibem”
No dia seguinte, encontrei meus amigos e vizinhos na piscina do prédio. Fui informado por eles que a fofoca de que eu levava mulheres para “fazer amor” na cobertura rolava solta. Esse foi o momento em que minha característica de canalha aumentou.
Se antes eu era um gordinho perdido numa loja de doces, a partir daquela notícia eu me tornei um homem de calça de veludo, camisa com estampa de tigre, sapato duas cores, sem meia e cueca, no meio de um puteiro barato. Um “pimp” para as americanas, “latin lover” para as carnes européias e um José Mayer para as brasileiras.
Dig-din, dig-din
Lembro-me de descer para o meu apartamento (que na verdade era do meu pai), me olhar no espelho do elevador e ver aquele homem bronzeado, com óculos Ray-Ban, usando um sungão. Nesse momento eu me falei:
– Sou foda!