Veja como foi a edição de 2021 do Mondial de La Bière, que foi considerada por muitos como a pior edição da história do Festival
É, amigos, eu que faço questão de participar do Mondial de La Bière desde a primeira edição calorenta lá no Terreirão do Samba, não poderia estar mais #xatiada. Depois de tantos anos nos servindo de ótimos (eu disse ótimos, não perfeitos) eventos, eles simplesmente colocaram o estagiário para tomar conta dos detalhes. É a única explicação plausível.
Mas por que foi tão ruim assim?
Senta que lá vem história. Pra começar fui recepcionada por uma fila quilométrica na entrada. Eu já estava preparada para uma fila, sempre tem. Ainda por cima e eu escolhi o sábado, normalmente o dia mais cheio. Mas existe um limite, né? A fila tinha uns 200 metros, sem exagero!
Pra ser justa, até que andava rápido e gastei uns 40 minutos até chegar minha vez. E durante a espera os camelôs não deixaram ninguém passar necessidade. Dezenas deles vendendo cerveja, salgadinho, quilo de alimento pra algum esquecido, balinha, cigarro e até vape (sim, tinha camelô vendendo vape!). Achei super moderno.
E você não bebeu nada?
Cometi a bobagem de não ter cedido a um latão no lado de fora e acabei entrando morrendo de sede. Tentando fazer a linha degustadora consciente fui direto para um ponto de hidratação beber um gole d’água. Primeiro ponto lotado, nem consegui chegar no fim da fila. Fui para o segundo. Uma fila absurda também, mas resolvi ficar nessa.
Fila demorada que atravessava a direção do fluxo de pessoas, então era aquela bagunça. Já fui perdendo a paciência ali, sem entender o motivo de tanta demora. Porra, tô aqui há quase duas horas e tudo que fiz foi enfrentar fila!
Até que descobri o motivo: o ponto de hidratação com supostamente quatro torneiras só tinha uma disponível, com um FILETE de água! Um filete!!!! Fiquei até com vergonha de encher o copo todo para não fazer o povo esperar mais ainda. Bebi aquela água quente pra tirar o gosto de ódio da boca.
Mas e as Cervejarias?
Parece óbvio, mas eu preciso ressaltar aqui que o evento estava lotado! A Marina da Glória é muito bonitinha, porém bem pequena se comparada ao Píer Mauá. Acho que esqueceram disso e venderam a mesma quantidade de ingresso. Mal dava pra andar.
Pegar uma cerveja nos estandes das famosinhas exigia uma dose de paciência que eu já havia deixado na fila do bebedouro. Então fui nas “menos conhecidas”, porém, tão boas quanto. Fui feliz na Matisse, Antuépia, Sundog e nos estandes que eram “conglomerados” de cervejarias.
Não entendi muito bem por que vários expositores já carimbados no festival não tiveram um estande só deles esse ano e resolvi assumir que foi reflexo dos tempos difíceis que estamos vivendo. De qualquer forma, todos os estandes estavam muito mais simples que no passado. Pequenos, humildes, sem-gracinhas, às vezes nem bolacha tinham. O único “brinquedo” que vi foi aquela cabeça de urso da Colorado que ninguém aguenta mais e que sinceramente eu achei meio nada a ver estar ali em época de COVID-19.
E as atrações?
Cara… não sei. As atrações ficavam longe pra caramba dos estandes e chegar lá era uma caminhada lenta de uns 10 minutos devido ao mundaréu de gente que você precisava vencer. A disposição das coisas no evento era muito ruim, pior que apartamento antigo. Só cheguei perto do palco para tomar um ventinho, porque lá no galpão era um inferno de quente.
Ahh, não posso esquecer de mencionar aqui a música no galpão. Quero acreditar que o DJ anunciado teve um imprevisto e não conseguiu ir, aí alguém botou a playlist do Spotify pra tocar. Até aí tudo bem, mas em algum momento o som teve algum problema e simplesmente nos deixaram ouvindo um ruído bizarro durante vários minutos. Quando finalmente desligaram as pessoas gritaram comemorando o silêncio.
Já no início da noite a playlist deve ter acabado e decidiram colocar todos os álbuns do Pearl Jam pra tocar. Pelo menos uma hora inteirinha só tocando Pearl Jam, sem descanso. Eu até gosto da banda, mas fiquei me perguntando que DJ coloca o mesmo artista pra tocar por tanto tempo. Se eu faço isso num churrasco aqui em casa meus amigos certamente ficariam bem putos.
E o pior ficou para o final! Banheiros…
Pelo visto o estagiário esqueceu que quem bebe cerveja mija muito. Só tinham dois pontos de banheiros para a multidão bebedora. Mano, isso é ultrajante, é imoral, é criminoso! A fila era enorme, sem fim! Naturalmente, a fila do banheiro feminino era muito maior e isso virou a grande reclamação sobre o evento, tanto que no domingo (no ÚLTIMO dia) foi informado que colocaram mais banheiros. É muita cara de trouxa que a gente tem, né, estagiário?
Quando fui ao banheiro e não consegui encontrar o fim da fila simplesmente desisti. Li relatos de mulheres que perderam quase duas horas tentando se aliviar e vi com meus próprios olhos algumas usando o banheiro masculino (que também tinha uma fila absurda, porém bem menor). Minha vontade foi de agachar e fazer ali mesmo, na frente de todo mundo, em sinal de protesto pelo nível de amadorismo de um evento que cobra caríssimo pelo ingresso e pelas doses. Eu não mereço isso! Ninguém merece.
Pela primeira vez em todas as edições tive vontade de ir embora antes dos meus créditos acabarem, tomada pelo medo da vontade de mijar e também porque tava chato pra caramba. Muita gente, muito calor, não aguentava mais ouvir Pearl Jam. Gastei tudo sem escolher muito com medo de não conseguir o reembolso depois. Se tudo estava dando errado, o reembolso também daria.
Saí, fiz xixi no cantinho do lado de fora e fui embora! Aliás, a localização esse ano foi bem democrática, já que a Marina da Glória é ruim pra todo mundo chegar e sair, não importa se tu mora no Catete ou em Campo Grande, tu vai ter que andar horrores ou gastar um dinheiro num Uber que odeia ir até lá porque é contramão pra caramba. Na volta, a saída foi andar no escuro até o ponto em frente o Hotel Gloria me cagando de medo. Ainda bem que Deus protege os bêbados.
E vocês, o que acharam?