No terceiro episódio Armando encontra sua ex com outro ex dela num bloco na Quinta da Boa Vista. Um bocado de confusão ocorre. Confira!
Tapioca com farinha de coco, queijo minas light, duas bananas, uma bela xícara de café, um copão d’água e uma lata da cerveja mais gelada. O café de todo folião precisa ser forte e nutritivo. Eu posso até ser um babaca, mas eu sou um babaca hidratado.
Muitos amigos fazem piadas com homens casados. Os parceiros são solteiros convictos, como eu era há pouco menos de um ano atrás. Eles duvidam do sexo, das diversões, das conversas e afirmam que a solitude é custo da salvação. Não vou contra-argumentar, é um assunto polêmico demais.
No entanto, deixo aqui um alerta para que as pessoas evitem querer regrar o que é bom ou ruim. Todo mundo se acha um dândi da vida, determinando o que é a felicidade e como devemos seguir. Não importa se bloco bom é Chora Me Liga ou Vem Cá Minha Flor. Se você gosta do reduto Jobi-Belmonte, ao menos respeite o reduto Candelária-Tiradentes. Se Netflix é melhor que Night. Heineken ou Antarticta? Temaki ou podrão? Bahia ou Pernambuco? Não importa!
Mas chegou o carnaval…
A verdade é que o primeiro dia de carnaval chegou e eu preciso estar forte. Por quais blocos Nathalia andará? Ela me largou e eu começo essa função fodida de correr atrás dela, que se nega a responder ao meu zap. Nem por isso eu tiro meu time de campo. Pelo contrário! Sou zagueiro-xerife e capitão. Alaká, alpargata e um cetro. Quem eu sou no carnaval? Um andarilho, o profeta do delírio. O primeiro destino? Quinta da Boa Vista.
O folião playboy considera o bairro de São Cristóvão fora Dio eixo Zona Sul-Centro, mas é uma visão errada. A Quinta da Boa Vista fica na região do Centro Histórico do Rio de Janeiro. Se alguém falar que é Zona Oeste, Baixada, Norte… tá errado, é chute!
A Quinta ao meio dia é um forno. Só não chamo de inferno porque a Terrerada Cearense é som divino, apesar do clima heavy metal. O calor não desanima o recém solteiro. Um xaxado pra aproximar, um forró pra somar e na hora do beijo…
- Porra! Quem é esse cara?! – estourei minha raiva e os tímpanos da gata
- Oi?! Como?! – a gata se assusta
- Ali! Com a Nathalia!
- Quem é Nathalia?!
- Minha namorada, né?! – dãããããã
- Namorada? Pera aí! – ela se afasta
- Ex-namorada! Mas é tão recente que ainda não publicamos a separação.
- No diário oficial ou no facebook?
A gata vai embora enquanto caminho na direção da Nathalia, dançando um forró de juntar colidir átomos. Eu conheço o cara. É aquele ex que me achou retardado. Quando me aproximo, pronto pra dar a minha deixa pra confusão…
- Nathalia, é o teu irmão mongol? – ele me ataca primeiro
- Nathalia, porque você tá com esse cara? – eu pergunto
- Ele é meu ex! – ela responde
- Teu ex? – eu pergunto
- Teu ex? – ele pergunta
- Os dois!
- Então… o que ele tem que eu não tenho?! Se é ex, é tão ruim quanto eu! – que sou ótimo em argumentação
O nome do cara é Rafael. Nome de anjo, mas perigoso como o tinhoso. Ele abraça a Nathalia e começa a agir como se eu fosse um louco tendo um ataque de pelanca. Rafael grita que estou ameaçando bater em Nathalia, o que só pode ser loucura. É só ciúme: sou eu batendo em mim mesmo, de maneira metafórica. Mas é tarde demais. A população começa a me cercar. A sororidade é linda, mas quando mal empregada…
A primeira menina me empurra. Vem um cara e me dá outro empurrão. Rafael puxa Nathalia pra longe de mim, que estou cercado de pessoas que não conhecem e que agora me dão lição de vida. Dedos no meu rosto, xingamentos… O coro começa:
- Machista! Machista! Machista!
Finalizando
Com o cetro entre as pernas, desisto da Quinta. Eu deveria ser mais calmo e menos orgulhoso, babaca. Se o tal Rafael levou a mulher dos meus sonhos, ao menos tem Fanfarra Black Clube começando agora. É sábado de Carnaval e não posso desistir da alegria. Comi duas bananas e tenho energia até às 22h.
Veja os outros episódios:
https://www.papodebar.com/folioes-parte-4/