Um passeio pelo Rio de Janeiro, pelo grande Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, a Feira de São Cristóvão ou Feira dos Paraíbas. Muita comida boa, cachaças engraçadas e clima de festa. Confira!
Fala, sedento!
Como você já deve ter percebido, o Rio de Janeiro tornou-se um lugar um pouco mais frequente para mim. No início, era apenas o trabalho. Mas depois as coisas ficaram ainda mais interessantes, ainda mais porque envolvem relacionamentos amorosos, no meu caso. Quando é assim, você acaba ganhando ainda mais motivação para procurar atividades novas para fazer, descobrir lugares que combinem com você, sua companhia e as pessoas que o cercam e adquirir mais experiências.
A grande Feira de São Cristóvão
Pensando nisso, estava eu, num domingão, de bobeira olhando para a TV, mudando de canais a uma taxa de dois por segundo e tentando me lembrar de algo que ainda não havia feito na Cidade Maravilhosa. Quando veio a ideia brilhante ao passar por um canal do Ceará:
Vou para a Feira dos
Paraíbasde São Cristóvão.
O grande Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Sempre ouvi falar neste lugar: que era divertido, diferente, que comia-se muito bem e – maravilha – que encontravam-se diversas cachaças de qualidade no passeio. Seria a oportunidade perfeita de conhecer um lugar novo, ouvir um sotaque diferente e dar umas boas risadas. Falei com a gata, que se amarrou na sugestão, liguei para o Dono do Bar e o TG no PdB, peguei um táxi e fui para lá.
A primeira impressão é a que fica.
Já na chegada, percebi que o lugar era realmente um sucesso. Engarrafamento e gente pra caceta na porta. E eu mal sabia o que me esperava.
Entramos. O lugar é enorme. São vários corredores onde você encontra tudo, mas tudo mesmo, que você vê no Nordeste, desde aquelas barracas de sandálias de couro com aquele cheiro característico a literatura de cordel.
Andando por lá, não é difícil ficar perdido no meio de tanta diversidade. Eu parecia uma criança quando vai pela primeira vez em um parque de diversões e olhava para tudo e para todos. Era tudo muito maior do que eu imaginava e tocava muito mais forró ao mesmo tempo em todas as direções do que eu jamais pensei.
Hora de encher a pança
Créditos: sonia furtado
Mas, como eu mesmo já me conheço muito bem, sabia que aquele monte de artesanato, conservas, doces típicos, redes e chapéus de Lampião não iriam me prender por muito tempo e já comecei a buscar o que mais me interessava: a comida (ahá!)!
Fomos para uma das alas dos restaurantes, escolhemos um e nos fartamos de carne de sol, macaxeira, baião de dois e manteiga de garrafa. Uma delícia. Mas não dava para comer muito, já que ainda precisava reservar um espaço para a segunda coisa mais importante: provar algumas cachaças (agora sim).
Hora das cachaças, mas não foi lá essas coisas
Créditos: Xiquo
E para ser sincero com vocês, não foi nada demais. Encontrei muitas cachaças sim, mas nada de muito especial. Achei várias daquelas garrafas com nomes engraçadinhos (as quais vou falar em outro artigo), mas que na maioria das vezes o conteúdo é basicamente uma porcaria industrializada qualquer, com ou sem adição de caramelo para dar uma cara de cachaça envelhecida.
Para piorar, ainda vi uma barraca com um anúncio enorme de uma cachaça “sem o gosto de cana”. Quem, em sã consciência de degustador de boas cachaças, vai querer provar uma heresia dessas? Se a propaganda ressalta que a principal característica é a de que uma bebida feita a partir da cana-de-açúcar não tem esse sabor, só posso imaginar que a fabricação daquilo é uma sucessão de erros e vou querer passar o mais longe possível. Fui beber cervejas e olhar o povo dançar como se ninguém estivesse olhando.
Até que finalmente… uma Rainha…
Mas, como já era de se esperar, a minha bela guardiã loira me salvou mais uma vez. Quando já havia perdido as esperanças, ela viu algo que impediria que minha busca por uma cachaça nordestina de qualidade fosse um desastre e me mostrou um lugar que vendia a famosa cachaça Rainha, de Bananeiras, na Paraíba. A animação tomou conta e lá fui eu ver qual era a daquela representante da realeza.
O rótulo vermelho já anuncia: é coisa forte. Metade do volume da garrafa é de álcool. É uma cachaça cristalina, com boa viscosidade e deixa aquela bela “cortininha” no copo. O cheiro é bem pronunciado e apesar da quantidade de álcool, não dá uma porrada na boca. O sabor é levemente adocicado no final e sim, tem gosto de cana, meus prezados. É uma boa bebida.
Missão cumprida
Créditos: Claudio Lara
Pronto. Missão cumprida, poderia voltar para um dos palcos, todos lotados e ficar admirando a diversidade daquele local democrático. Entre uma cerveja e outra, tomei mais algumas doses da Rainha e fui ficando cada vez mais animado. Tão animado que quando percebi que já estava prestes a tirar a minha loirinha para dançar e dar aquele vexame na pista, soube que era a hora de partir.
Foi muito bom. Comemos, bebemos, conversamos com amigos, conhecemos mais jeitos e costumes e isso tudo serviu, mais uma vez, para atestar o que eu sempre digo: se você beber com responsabilidade, tem muito mais a ganhar do que a perder.
Chamei um táxi na porta e fui descansar com segurança e com a certeza de que a experiência valeu a pena e deixou a vontade de voltar mais vezes.