Segundo capítulo da novela etílica, Eu Tenho Duas Namoradas, agora Armando tenta chegar junto de uma fêmea no bar, usa dança, vira centro das atenções, dentre outras táticas.
Anna apareceu na minha vida meio que de supetão. Eu recém voltara da Bahia, onde depositei alguns meses de atraso em pequenas sacolas de plástico não reciclável.
Foi assim, ela apareceu num bar e, como sabemos, mulher que frequenta bar é melhor que menina de boate. Anna é daquelas que gosta de pé-sujo, boteco e cerveja barata. Foi amor a primeira vista.
Opostos não se atraem, só imãs
As pessoas discursam sobre os opostos que se atraem. Eu não acredito muito nisso (não estou falando de imãs). A chave é o companheirismo. Gostar das mesmas coisas pode ser fundamental para diminuir ou resolver problemas.
E Anna gosta das mesmas coisas que eu.
Claro que ela não sentiu amor a primeira vista. Ora, a beleza em mim é coisa rara. Além da barriga, das olheiras, da careca, da barba, dos pelos do corpo, eu ainda sou feio. Some isso tudo e posso afirmar que eu sou uma mistura de Elke Maravilha com Michael Moore.
Só me resta uma solução: o papo. Assim que fomos apresentados, cerquei a vítima.
- – Você vem sempre aqui? – perguntei lépido e fagueiro
- – Que cantada, ein… – ela me deu um toco
- – E quem disse que foi cantada? É pergunta mesmo. Puxando papo, ué!
- – Ah, desculpa! Não. Estava morando em Londres.
A Inglaterra sempre me fascinou com sua música, futebol, bebida e molho inglês. Anna é brasileira, mas ainda é influenciada pela cultura inglesa. Coisa fina.
- – Que foda! – respondi como uma criança besta. Anna concordou, sem palavras, indo falar com outra pessoa
Quem conhece minha namorada sabe que ela é linda e grossa. Não é por menos que todos meus amigos começaram a dar em cima dela no momento em que dei essa furada e levei esse fora.
Mission Accepted
Pronto! O jogo começou 1 a 0 e eu tinha tomado um frango. Era preciso reorganizar o meio campo e conseguir a atenção dela.
Eu sou rei numa mesa de bar, se estou com pessoas conhecidas, amigos e me sinto a vontade, consigo comandar o debate. Em dias como esse, levo todos os assuntos para áreas que conheço: música, sexo, bebida, putaria, futebol, mulher e política.
Ruma ao centro das atenções
Com muito cuidado e maestria, conseguir ser o centro das atenções, e as mulheres adoram isso.
Não se enganem, mulheres amam líderes. Eles passam segurança, o que importa muito para as mulheres que amam relacionamentos longos/eternos.
Bar fechou, partiu pós…
O bar fechou. Dali, fomos para casa de um dos meus amigos para beber mais umas cervejas e ouvir música. Ponto negativo pra mim. Eu moro com a mãe. Voltei a perder. 2 a 1.
Nessas horas, não se iluda, a casa do amigo é sempre uma mansão com vista para a Baía de Guanabara, 6 quartos, uma sala gigante e um aparelho de som ultramoderno. Não estou exagerando quando digo que o placar estava em 5 a 1.
Fudeu ¬¬
“Pronto, vou dormir suado de tanta punheta” – pensava com penar. Mas não! Eu não podia me dar por derrotado. Na vida, o sonho é combustível para a realidade – sim, eu sou brega.
O som do anfitrião começou a tocar forró. Eu, com dois anos de experiência em dança de salão, aproveitei da oportunidade e convidei Anna para dançar. Meu pé-de-valsa deu conta do recado. No melhor estilo Túlio Maravilha, fui cruel.
Tenha diferencial, saiba dançar
Outra dica de galanteio que dou: mulher gosta de dançar, se você tem dois pés esquerdos, treine; se acha isso coisa de bichinha, está enganado. Mulher gosta de dançar e é o homem quem conduz.
Noite adentro dancei com Anna. Ensinei-a a dançar salsa, valsa e mambo.
6 a 5, virei o jogo.
Não fiquei com Anna nessa noite. Muito urubu querendo desgraça e cadáver. Preparei o terreno, troquei telefone e cutuquei no Facebook.
Dias depois, no mesmo bar, pude concluir a aula de dança com o “passinho do prostituto”. Ficamos. Ficamos. Ficamos. Começamos a namorar. O namoro vinha ótimo. Até o dia em que Anna teve que se mudar para São Paulo e de lá trouxe a minha segunda namorada…