O Papo de Bar foi numa degustação com Garrett Oliver, da Brooklyn Brewery, em São Paulo. Um evento com ótimas cervejas artesanais.
A BeerManiacs trouxe novamente ao Brasil, Garrett Oliver, renomadíssimo Mestre-cervejeiro da Brooklyn Brewery, cervejaria de Nova York, e o Papo de Bar teve a grande oportunidade de comparecer a uma degustação orientada por ele.
A Brooklyn Brewery
Steve Hindy trabalhava como correspondente da Associated Press no Oriente Médio, onde cobriu coisas meio pesadas. Nesses anos como correspondente lá, ele cultivou amizades com diplomatas da Arábia Saudita que adoravam fazer cerveja em casa (a Lei Islâmica proíbe bebidas alcoólicas) e esses caras ensinaram os paranauês para o Steve.
Quando ele voltou para Nova York, em 1984, começou a fazer cerveja em casa e, junto com seu vizinho Tom Potter, fundou a Brooklyn Brewery.
Garrett Oliver
Crédito: Divulgação
Garrett formou-se na universidade de Boston em 1983 e resolver se mudar para a Inglaterra. Saindo do aeroporto, entrou no primeiro pub que viu e pediu uma cerveja. De repente, um mundo novo abriu-se. O cara estava acostumado com as cervejas comerciais americanas, e o que serviram para ele era completamente diferente do que ele esperava. Aí começou a paixão por cerveja e Garrett tornou-se um cervejeiro caseiro.
Um tempo depois de retornar aos EUA, conseguiu um emprego como aprendiz na extinta cervejaria Manhattan Brewing Company, 1989. Em 1993, foi promovido a mestre-cervejeiro.
Em 1994, Garrett recebeu uma oferta para tornar-se mestre-cervejeiro da Brooklyn Brewery e aceitou. Como dizem nos EUA, “the rest is history”.
A degustação
Sou fã assumida das cervejas da Brooklyn! Estive em NY em 2013 e claro, quis fazer o tour na cervejaria e foi uma das melhores coisas que fiz em Nova York! Recomendo!
Créditos: Papo de Bar
No evento aqui em SP, eu esperava que fôssemos degustar as cervejas comerciais da Brooklyn. Para a minha – agradável – surpresa, tivemos a oportunidade única de experimentar 4 das chamadas “Ghost Bottles” da Brooklyn.
Cerveja fantasma?
As ghost bottles são experimentos muito bacanas da Brooklyn Brewery, super complexas, algumas com vários tipos de leveduras, outras envelhecidas por algum tempo em barris de carvalho, Bourbon ou vinho, e que não são comercializadas. São feitas em poucas quantidades e você só consegue achar em eventos específicos ou indo em algum Brooklyn Quarterly Experiment, onde 3 vezes ao ano eles apresentam algumas dessas edições super limitadas a quem consegue comprar o ingresso.
Essa história de ghost bottles começou em 2007, quando o Garrett resolveu fazer uma cerveja em segredo (só 5 pessoas na cervejaria sabiam o que ele estava fazendo). Surgiu aí a Black Ops, uma strong stout envelhecida por 4 meses em barril de bourbon e refermentada com levedura de champanhe. A Black Ops eventualmente passou a ser comercializada como uma cerveja sazonal. A Brooklyn Brewery produz por ano, atualmente, cerca de 35 a 40 cervejas comerciais e de 10 a 15 ghost bottles. Esse projetos paralelos cresceram tanto que a Brooklyn chegou até a construir um galpão perto da cervejaria só com os barris para maturação – atualmente, abriga 2 mil barris – com direito a uma especialista em maturação em barris e tudo mais.
A primeira cerveja que provamos foi a Bedivere (L1 com Brettanomyces), de aproximadamente 9.5% ABV. É uma versão da Brooklyn Local 1, uma Belgian Strong Golden Ale, com alta carbonatação, baixa acidez e adição de Brettanomyces, retiradas de outra cerveja deles (a K is for Kriek). Além disso, matura por 1 ano em um barril de vinho branco e passa por uma segunda fermentação na garrafa, com levedura de champanhe.
A segunda cerveja foi a Bel Air Kettle Sour, uma cerveja sour de aproximadamente 6.5% ABV, alta carbonatação, com dry-hopping (adição de lúpulo na fase de fermentação ou maturação para incrementar o aroma da cerveja sem aumentar o amargor), fermento lático e envelhecida em barril de bourbon. Que cerveja boa!
A Dark Matter é uma versão da Brooklyn Brown Ale, de 5.6% ABV, envelhecida em barril de Bourbon da Woodford Reserve por 1 ano, e refermentada na garrafa com levedura de champanhe. Essa que provamos, em particular, maturou por mais 1 ano e meio na garrafa. Excelente!
A Intensified Coffee Porter é uma Strong Porter de 11.8% ABV, envelhecida por 8 meses em barril de bourbon e com infusão de café a frio. Esse café é produzido por um amigo do Garrett em El Salvador, enviado à NY, onde é torrado pela Blue Bottle, e aí é utilizado pela Brooklyn. Não quero ser repetitiva, mas que cerveja boa e com um equilíbrio excelente da tosta da porter e do café!
Essa cerveja já foi apresentada ao público no Brooklyn Quarterly Experiment.
A Hand & Seal Cognac Edition é uma British Barley Wine de 13.3% ABV, envelhecida em barril de conhaque. A cerveja é uma criação do Garret para comemorar seus 20 anos como mestre-cervejeiro da Brooklyn e que homenageia esse estilo de cerveja que ele gosta muito.
Uma versão um pouco diferente dessa cerveja (envelhecida em barril de bourbon) também já foi apresentada ao público no Brooklyn Quarterly Experiment.
A última cerveja, a Blast! Double India Pale Ale é uma Double IPA de 8.4% ABV, e faz parte da linha perene de cervejas da Brooklyn. É feita com 11 variedades de lúpulos ingleses e americanos e maltes levemente caramelizados. Ótima IPA!
Concluindo
Acho muito bacana cervejarias que ousam experimentar e não se contentam em apenas reproduzir receitas estabelecidas. A Brooklyn Brewery adora quebrar paradigmas buscar a excelência em todas as suas criações, e isso é um grande mérito do Garrett, que é um cara muito inteligente e criativo, e de toda a equipe da cervejaria, que buscam sempre surpreender as pessoas. Ter a oportunidade de provar essas ghost bottles foi sensacional e foram algumas das melhores cervejas que já provei!
Se você for à Nova York, não deixe de visitar a cervejaria!
Crédito de todas as fotos (degustação): Equipe Papo de Bar.