A odisséia de uma mulher em um impune boteco de quinta categoria no Leblon de Manoel Carlos. E acompanhada de uma cerveja, digamos, caída.
Há uns três anos, estava eu com uma amiga esperando a hora de entrar pra ver uma peça no Café Pequeno, no Leblon. Pelo título (não posso entregar que é sacanagem), não dava mesmo para entrar no teatro sóbria. E, como a gente chegou cedo para pegar os ingressos que ganhou, só restava o boteco ali perto.
A gente foi a pé porque não tinha dinheiro para o ônibus; a gente foi ao teatro porque ganhou os convites – depois de ver a peça, entendi por que foi cortesia –; mas a bebida, infelizmente, não tinha como ser di grátis.
E a solução foi…
E tomar cachaça em uma quinta-feira, sem motivo algum, já é demais. A solução foi partir para a cerveja mais barata do estabelecimento.
Se bem me lembro, foi o balconista-com-cara-de-poucos-amigos que nos indicou a cerveja Guitt’s. Gostei da idéia só por ser uma cerveja barata, amarga, de procedência duvidosa e que poucos tinham coragem de descer à goela. Tanto que os bebuns do balcão meio que olhavam para a gente com aquela cara de “tadinhas, tão bonitas… mas vão beber Guitt’s… que pena”.
Barrigudos nojentos
Danem-sem os barrigudos do balcão! A gente tomou o número de garrafas que o tempo livre permitiu. E foi ótimo!
Deu certo! A gente ficou beeeem bêbada. O foda foi gastar o dinheiro que não existia – e que espertamente achava estar economizando ao beber Guitt’s – com Neosaldina na farmácia no dia seguinte.
Mas triste mesmo foi nunca mais achar um boteco que venda Guitt’s. Ainda mais depois que a Itaipava caiu nas graças do carioca. A coisa ficou difícil. Fico a imaginar se realmente aquela cerveja existiu ou se foi um sonho que a gente teve (como o Cartola).
Amnésia alcoólica?
Tá. Confesso que beber já me causou algumas crises de amnésia (é o que o álcool costuma fazer com aqueles que não conseguem apreciar com moderação). Mas tenho certeza de que Guitt’s existe!
Se você achar um boteco de quinta categoria que venda Guitt’s, não deixe de me avisar/ convidar. E de pagar a conta no final.. você sabe… eu vou acabar esquecendo… 😉
Ah! A peça? Era mesmo uma merda que nem bêbado merece…