Venha o que fazer no carnaval de Olinda e Recife. Dicas de blocos de carnaval, o que beber, onde se hospedar, pra onde ir, como e de que se fantasiar. Veja a programação completa do que fazer no melhor carnaval do Nordeste.
Tenho um caso de amor com o carnaval de Olinda e Recife já há alguns anos. Coloco os dois no mesmo saco porque, como as cidades são vizinhas, e uma tem sua animação concentrada no calor do dia enquanto a outra tem a agenda agitada no frescor da noite, quem vai aproveitar um, acaba aproveitando dois. Só isso já faz da coisa mais interessante: pague um, leve dois. E leve umas doses de energético também para aguentar o pique.
Ei pessoal, ei moçada…
… o carnaval começa no Galo da Madrugada! Oficialmente, é no desfile do Clube de Máscaras Galo da madrugada, ou simplesmente no “Galo”, que começa o carnaval pernambucano – embora na prática a festa comece alguns meses antes.
O bloco, que já figurou duas vezes no livro dos recordes (1995 e 1996) como o maior bloco de carnaval do mundo, sai na manhã de sábado e arrasta em média 2 milhões de pessoas pelas ruas da cidade. É o único dos quatro dias de carnaval em que Recife tem uma programação diurna capaz de rivalizar com Olinda.
E o negócio começa a esquentar cedo, que é para não perder tempo. Os foliões já se espalham pelas ruas a partir das 7h, e o bloco sai do Forte das Cinco Pontas, no centro de Recife, por volta das 10h. A apoteose acontece na Avenida Guararapes.
É só ir e pronto?
Eu, particularmente, não recomendo ir para ficar no meio da pipoca. Só se a grana estiver muito curta mesmo. Se tiver uns trocados disponíveis, compre uma entrada para um dos camarotes, porque vai te ajudar a aproveitar melhor a festa. Há vários tipos, em várias faixas de preço. Varia muito de acordo com o pacote que o camarote oferece: se vai ser open bar, localização, tamanho, se vai ter banda tocando lá dentro, essas coisas.
Para este ano, já vi camarotes vendendo entrada até em sites de compras coletivas, com preços a partir de R$ 70. Mas vale a pena investir um pouco mais e ficar em um camarote mais bacana. Por cerca de R$ 250 reais é possível conseguir ingresoss para o camarote oficial que comporta 2 mil pessoas. Além de ser open bar, tem bandas exclusivas e serviço de lounge, espaço make up, temakeria, sorveteria e outros luxinhos. Camarotes privativos para 20 pessoas custam entre R$ 5,5 mil e R$ 7 mil.
Olinda, quero cantar a ti…
Mas se você não está afim de ver o Galo, pode abrir seu carnaval em Olinda mesmo. Ao desembarcar em Pernambuco, você talvez até escute a velha história de que “sábado é o melhor dia de Olinda porque a maioria das pessoas está no Galo e o centro histórico fica mais vazio”. Mas não se deixe iludir. Primeiro porque Olinda é um negócio bom demais nos quatro dias de carnaval. Segundo porque é muito cheio de gente nos quatro dias de carnaval.
No sítio histórico, que é onde fica o olho do furacão, as ladeiras estreitas mal conseguem suportar a grande quantidade foliões. É um carnaval divertido e barato. Não tem isso de abadá, a coisa toda é na rua mesmo. E carros de som, trios elétricos e afins são proibidos. Quem garante a trilha sonora da festa são os maracatus e as orquestras de frevo que acompanham os blocos que desfilam a pé e sem cordão de isolamento. Gostou de um bloco? É só ir atrás. Custa nada não.
Posso ir fantasiado de eu mesmo?
Poder, pode. Mas é mais legal com uns apetrechos. Improvise uma fantasia e prepare o fôlego. A regra não é ser chique, é ser criativo. Se a fantasia for descartável, melhor ainda. Bom, o sapato ao menos, vai ter que ser. Recomendo o tênis mais velho que você tiver em casa. Com sorte, ele vai durar até a quarta-feira de cinzas. Também recomendo adotar a política do desapego material.
Deixe em casa celulares, cartões de crédito, câmeras fotográficas, relógios caros e carteiras. Leve apenas dinheiro no bolso e um documento ou a cópia dele plastificada. É muitíssimo improvável que alguém coloque uma arma na sua cabeça para lhe assaltar. Mas como acontece em todo lugar com grande concentração de pessoas, a chance de uma mão leve fazer uma limpeza nos seus bolsos é significativa.
E qual a boa da programação?
Durante a folia de momo, centenas de blocos desfilam em Olinda. Entre os principais estão o “Enquanto isso na Sala de Justiça”, que desfila na manhã do domingo de carnaval saindo do Alto da Sé. É a sua chance de vestir a capa de super-herói. Entre os destaques do bloco, as performances dos foliões que se dividem entre aos muitos realistas (como o homem aranha que todos os anos faz rapel em um prédio local na saída do bloco), os muito bizarros e os muito criativos.
Destaque para a turma do Mucha Lucha, que há seis anos desfila seu bom humor e suas barrigas salientes no carnaval. Outro bloco que merece uma conferida é o Eu Acho é Pouco, que é um dos mais famosos, e reúne a maior quantidade de cults por metro quadrado. O bloco surgiu em 1977, criticando a ditadura e a abertura lenta, gradual e segura do fim dos governos militares. Desfila no sábado às 17h em Olinda, e no domingo às 17h, no bairro do Recife Antigo.
Nos quatro dias de festa, o pessoal começa a chegar em Olinda por volta de 10h, e fica por lá até umas 17h, 18h. Depois disso você pode continuar bebinho pelas ladeiras (também passam blocos a noite, mas em menor quantidade), pode ir para casa renovar as energias para o dia seguinte, ou pode tomar um banho e seguir para Recife, afim de aproveitar as atrações noturnas.
Carnaval para todos os ritmos
Nas noites recifenses, o carnaval é descentralizado e conta com shows em vários bairros. Mas o principal ponto é o bairro do Recife Antigo, que concentra a maior parte das atrações. A programação é diversificada e vai muito além do frevo, do axé e do samba, ritmos que costumam ser figurinha fácil nas festas de momo.
Uma opção bem bacana para quem quer variar é o Rec Beat, um festival alternativo que acontece no Cais da Alfândega durante os dias de carnaval. Para 2013, já estão confirmadas a cantora Céu, BNegão & Seletores de Frequência, a colombiana Monsieur Periné e o venezuelano MCklopedia. Bem pertinho, no Marco Zero, acontecem os shows de artistas consagrados. Já na Praça do Arsenal, há espaço para os blocos líricos, que trazem a lembrança dos antigos carnavais e apresentações culturais. Tudoaomesmotempoagora.
Tá, mas eu vou beber o quê?
Créditos: Douglas Matsudo
Possivelmente cerveja. Se você não gosta, pode encarar os clássicos drinques com nomes sugestivos como “pau do índio” (que é praticamente a bebida oficial das ladeiras), “menstruação”, e afins; a cachaça Pitú, que é bem popular por aqui; ou a boa e velha ice (smirnoff, 51, etc). Dificilmente você conseguirá bebidas mais elaboradas em Olinda, a não ser que esteja hospedado em alguma casa, pousada ou hotel que tenha um bom estoque.
Ou então que tenha pago por um camarote. No bairro do Recife Antigo, onde ficam concentradas as principais atrações da capital, você vai encontrar mais opções de bares abertos, mas sempre muito cheios.
Ah, em Olinda tem que beber rápido ou a cerveja vai ser quente, viu? Com o calor que faz por lá, ela até sai geladinha da mão do vendedor, mas esquenta fácil, fácil. E não esqueça de beber água, muita água. Você vai se exercitar subindo e descendo ladeiras debaixo do sol do meio dia. Ou bebe água entre as cervejinhas, ou desidrata e estraga a sua festa e de quem estiver com você.
E depois de bêbado, vou pegar quem?
Quem eu não sei, mas só não pega se for muito mamão ou muito comprometido. Em geral, a galera vai pra rua nessa vibe de pegação mesmo. Nesses quatro dias prevalece uma aura de liberdade que deixa as pessoas, digamos, mais abertas. Mas cuidado para não ir com muita sede ao pote. Beijo forçado é considerado crime tanto em Olinda quanto em Recife.
A explicação para isso é que alguns rapazes andaram exagerando em outros carnavais e forçando a barra com garotas que não queriam ser beijadas, submetendo-as a situações consideradas vexatórias. Agora, quem forçar um beijo pode responder a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). A pena será uma medida socioeducativa, como uma prestação de serviços à comunidade ou distribuição de cestas básicas.
Tem mais algumas proibição que eu deva conhecer?
Também são proibidos spray de espuma (por causar reações alérgicas, urticárias e irritações na pele, mucosa, garganta e olhos), sob pena de apreensão de mercadoria e multa em valor entre R$ 40 e R$ 400 mil; e ultrapassar os 85 na capital pernambucana e 80 decibéis em Olinda, no som do comércio, dos carros e das casas.
E eu vou dormir onde?
Se hospedar nessas cidades no período carnavalesco é caro. Aliás, a estadia é provavelmente o custo mais alto dos seus dias de carnaval. Em geral, as diárias mais baratas são a partir de R$ 200. E a partir de janeiro os hotéis já começam a ficar todos lotados. Mas é possível comprar pacotes com agências de viagens antecipadamente por preços convidativos.
Se você vier com uma turma grande e tiver se programado com antecedência, uma opção é alugar uma casa. Os moradores do sítio histórico de Olinda costumam alugar suas casas para turistas ou grupos de recifenses que querem estar no meio da bagunça 24h por dia, durante os quatro dias de carnaval. Os termos variam. Alguns incluem comida, alguns incluem bebidas, alguns incluem só a casa mesmo.
O aluguel para esse período pode ultrapassar os R$ 4 mil. Mas se você vai com um grupo de, digamos, dez pessoas, e aluga uma casa por esse preço, acaba valendo a pena. Até porque você fica bem no olho do furacão, é só abrir a janela e deixar o carnaval entrar. Na terça-feira de carnaval cedinho, os integrantes do Bloco Anárquico A CORDA, vão até te tirar da cama. Eles defilam a partir das 7h, para acordar os foliões ressacados e mostrar que dormir, só depois da quarta-feira de cinzas.
Outra opção é alugar uma casa em Recife ou outras cidades vizinhas. Pode sair bem mais barato. E durante o período de carnaval, além de táxi, é possível chegar aos pólos da folia em linhas de ônibus especiais que saem de pontos estratégicos. Como eu disse, vai depender do quanto você pode gastar.