Como seria ou como foi a sua última grande noite antes dessa pandemia? Conte pra nós e confira como foi uma noite etílica e alucinante com os integrantes do PdB
É mais uma sexta-feira, mais uma de Bukowski. Estou no bar, bem em pé em frente a antiga garagem, conversando com meus amigos e tentando ignorar algumas pessoas que estão do nosso lado e insistem e falar de politica. Zé, como sempre, está ao nosso lado, sempre com sorriso aberto. Nossas garrafas de cerveja estão esvaziando. E sem saber que essa poderia ser nossa última grande noite…
– Jeffinho, mais uma Bud!
Do nada algumas pessoas vêm falar comigo:
– Leandro?
– Não, sou o irmão dele.
– Mentira!
– Olha aqui… abro meu celular e mostro uma foto junto com meu irmão gêmeo.
– Caramba, vocês são muito iguais.
Prazer, Homem de Ferro
Depois de um tempo, começam a dizer que eu sou parecido com o Robert Downey Jr (pareço mesmo) eu automaticamente eu me sinto o Tony Stark: lindo, poderoso e com super poderes.
Sim, eu acho isso, e eles também. Pago uma rodada de bebidas. I’m Iron Man, foda-se!
A pista da garagem está cheia. Ouço os primeiros estrofes de Candy, do Iggy Pop, e corro para a pista. Marcão, o DJ, aponta e dá um sorriso. Essa é a minha música!
Meus braços estão girando como moinhos de vento e há um olhar no meu rosto que não é deste mundo. Quando percebo que minha voz é percebida por outras pessoas da pista, me pergunto por quanto tempo isso está acontecendo.
– Daniel, as pessoas estão me olhando?
– Palavras inaudíveis do Daniel…
– Lincoln, to pagando mico?
– Foda-se! Vamos dançar. O importante é se divertir.
Tô louco, Parte 1
Vou ao banheiro. Me olho no espelho e penso:
– Caralho, to muito doido!
Eu olho mais de perto para o meu reflexo. Um dos braços da minha camisa parece ter sido arrancado… depois de um tempo me dou conta que estou usando uma camisa de manga longa com uma de manga curta por cima. Que alívio!
De volta do banheiro, continuamos dançando: London Calling, I Wanna be Sedated, Your Love, Back in Black… a musica seguinte não agradou. Saímos da pista. Fomos para o bar grande, do lado de fora. Leandro, Bruno, Gugu, Tébaro e Afonso chegaram.
– Sarah!
Pedimos uma rodada de Jager e uma cerveja para cada: todos brindamos juntos e viramos os shots nessa última grande noite.
Um grupo se aproxima e começa a puxar papo:
– De onde vocês são?
– Petropolis
– Todos vocês?
– Sim, todos nós.
– Mentira! Todos?
– Todos porra!
– Legal!
– Ele veio do espaço, diz Lincoln apontando para o Afonso.
– Afonso mostra apenas três dedos em cada mão e é alçado a celebridade da noite.
A conversa flui e eu digo que sou da familia Orleans e Bragança. Mais uma vez as pessoas parecem acreditar (não é a primeira vez que dou uma de principe). Uma delas começa a me chamar de playboy. Saímos de perto.
Olar, vem sempre aqui nessa última grande noite?
Do nada, estou olhando para o segurança – que estende a mão para mim – tentando encontrar algo familiar em seu rosto. De repente, percebo que algo pode estar familiarizado com os pequenos óculos que ele está usando. Aceno. De repente, parece que esse cara está me torcendo o braço.
– Para com essa porra Di!
– Vai falar comigo não! Hehe
Ele não usa óculos porcaria nenhuma. Não sei de onde tirei isso.
Natascha e Pri passam por nós com uma bandeja de shots grátis e nos chamam para um brinde coletivo. La vamos nós!
Depois do shot e de vários berros, beijos e abraços, vamos para a pista principal.
– Julinho, toca Just Like Heaven.
– Daqui a pouco.
Minutos depois, ouço as primeiras notas desse clássico do The Cure soarem pelas caixas de som. Começo a dançar e cantar alto. Leandro se junta. Percebo pessoas olhando para mim novamente. Merda, meus braços estão balançando. Eu tento morder minhas mãos por um tempo, segurando as duas entre os dentes, mas isso parece causar ainda mais alarme. Relaxo os braços. Uma mulher em uma roda próxima cai. É… é mais uma noite no Bukowski, penso eu.
Vagando pela pista de dança, encontro a Nath.
– Lucciano!!!! Jager?
– Jager!
Depois de mais um shot, saímos para fumar um cigarro. A noite é divertida.
Voltamos para o nosso lugar preferido, ao lado do bar da garagem. Pedro, o anfitrião, se aproxima. Também já está bêbado. Elogia meu chapéu, mas diz que não gosta das pulseiras de couro.
– Não combina com você.
As horas passam, mais bebidas, beijos e abraços são derramados em uma catarse coletiva.
Começamos a lembrar do quão boas são nossas vidas, de como é bom ter amigos, e de como esses momentos são valiosos. Estamos mais bêbados. Aciono o meu lado amoroso e começo a dizer que amo todos.
Voltamos para a pista de dança. Logo me encontro mais uma vez falando com o DJ e, de alguma forma, tomo uma garrafa de água que com certeza eu não paguei. Olho para o lado e vejo a Jux:
– Alguém tem que cuidar de vocês, né?
Sinto falta do Tébaro e do Gustavo. Alguém me diz que eles já foram embora: Gustavo saiu vomitando e Tébaro teve que cuidar do bebum. Pobre Tébaro…
Estou conversando com uma garota que me apresenta como “principe” para sua amiga, e fico completamente desorientado: acho que continuo me apresentando como um Orleans e Bragança.
Virei o bêbado rico na última grande noite
Tais para do meu lado e pergunta:
– Vai ficar pedindo bebida com a Nath a noite toda?
– Desculpa.
– Jager pra todo mundo?
– Jager pra todo mundo!
Depois de mais uma rodada de shots, Afonso começa a falar alto, sacudindo seus braços, tentando convencer que o Lincoln está errado sobre algum assunto que certamente ele está certo.
Bruno e olha pra mim, balança a cabeça em tom de reprovação e diz:
– To muito doido!
Estamos todos!
Jux começa a dar sermão dizendo que é hora de voltarmos para casa. São 05:30h da manhã. O dia amanheceu. Não queremos ir embora. Jux argumenta que amanhã tem mais:
– Hoje é sexta. Amanhã, como sempre, a gente volta.
Filhos da noite…
Depois de muita relutância, alguém sugere que devemos comer algo. Me pego pensando:
– Que idéia brilhante!
Saíamos andando pela calçada em direção à lanchonete mais próxima. Estamos todos com os braços entrelaçados pelos ombros, celebrando a vida.
Acabou mais uma noite pré isolamento. Uma noite que alguns de meus melhores amigos quase “furaram”. Na verdade, de fato, alguns não apareceram. Não importa.
Finalizando
O isolamento, e a pandemia, nos deixam saudosos. Quando teremos uma noite como essa? Quando terei a oportunidade de ver e abraçar mais amigos?
Valorize esses momentos e, principalmente, a vida. Nos vemos depois do isolamento. E sempre se preparem para uma possível última grande noite 😉