Primeiro capítulo da novela etílica sobre a história triste de um homem que tem um pênis gigantesco desde criança. Desde o sofrimento quando era moleque até seu momento atual.
Eu vejo homens afirmando que são melhores na cama que os outros. Todo mundo acha que tem um pau maior, sabe um segredo, fica mais tempo e satisfaz mais a mulher. Todo homem gosta ou quer ser picudo.
Capítulo 1 – Meu Dote, Meu Fardo
Créditos: Big League Stew
Eu não.
Grosso e maior que uma régua. A média brasileira é um dia frio na praia. Isso não faz de mim um homem melhor. Ao contrário do que pensam, eu sou uma vítima dessa tal benção.
Tudo começou quando eu era criança. O pai tinha orgulho, mostrava para todos os amigos e parentes:
– Olha o tamanho! O garoto puxou o pai!
Não. Eu não puxei o pai. Eu puxei o pai, o avô e um pouco do bisavô.
Caceta do capeta…
Minha mãe se assustava. Durante uma época, se negou a trocar minha frauda. Ela, crente, evangélica ferrenha, me levou a igreja e pediu que o pastor tirasse esse braço do diabo de mim.
Em vão.
Pra piorar, a reza do pastor teve um efeito contrário. Na hora, o demônio em mim encheu-se de sangue, mostrou seu vermelhão e fez com que minha mãe fosse expulsa da igreja. Eu não tinha 5 anos e já causava alvoroço.
Depois desse dia, minha mãe nunca mais falou comigo.
Maldade infantil…
No colégio não foi diferente. Atendendo aos pedidos das mães, eu era obrigado a esperar meus colegas a tomarem banho antes de mim. Além de do banho sozinho, uma inspetora velha e feia me observava no chuveiro e a colocar a roupa. Na época, eu não percebia a maldade.
Na praia, um policial fez com que eu e minha família fossemos expulsos da praia do Leblon. Maldito Manoel Carlos e sua verdade água com açúcar! Nunca mais pude usar sunga. Só short e, ainda assim, de cueca. Parei de freqüentar clubes e praias.
Sou branco como uma vela.
Calça de moletom? O aviso veio com uma chamada do síndico. Eu tinha doze anos e uma moradora reclamou da cena: eu, de chinelo, casaco e calça de moletom. Ela considerou aquilo um desrespeito. Lembro das palavras da vizinha:
– Se for usar moletom, que seja no elevador, com as empregadas!
Um adendo: não é a toa que a socialite de classe média morreu cedo.
Apelidos inversos…
Créditos: Filisteen Khan
A vida nunca foi fácil. Meus amigos gostavam de inventar que tinham um pau maior que o outro. Eu sempre preferi ser o menos dotado. Essa necessidade de ter que mentir o tamanho me custou caro. Ironicamente, esses meus amigos me deram apelidos:
- – Cotoquinho! – gritava um
- – Pequeno polegar! – era meu apelido do futebol
- – Playmobil – esse eu nunca entendi.
Por conta da moda do Funk Carioca, todos usavam a calça caindo e mostravam a cueca. Apesar das minhas calças jeans grossas e largas, não podia abolir o cinto.
Isso é outra coisa que acabou comigo: calças jeans. A vida toda foi assim. Pesadas, largas e sem poder usar cueca samba-canção.
Talvez esse seja o meu maior trauma: não posso usar cueca samba-canção.