Segundo capítulo da novela "Canalha Inexperiente". A fama vai se espalhando e cada vez mais o nosso pegador vai comendo mais gente. Flagras, surpresas e muito mais!
A fama de comedor, que antes era só de proporção “prediana”, em poucas semanas virou uma fofoca da rua e logo tomou o bairro. A sensação que eu tinha era que ao andar nas ruas de Botafogo, as pessoas diziam: “É um pássaro? É um avião? Não, é o comedor!”. Eu apenas sorria, deixando um gostinho da minha auto-estima com o ardido da minha arrogância. Uma mistura de mel com pimenta.
Gordinho lindo
Se antes as mulheres não davam mole para o gordinho perdido na loja de doce, agora elas se derretiam quando eu passava com minhas calças largas e as camisas floridas. Sabe aquela impressão de que você está acima de tudo? Pois bem, se o mundo fosse um escondidinho de carne-seca, eu era o purê de batata.
Minha vida sexual melhorou muito. Todo final de semana eu levava uma mulher para a “minha” cobertura e mantinha um placar de pelo menos um a zero, sem contar o “olé” e o baile que eu dava.
Mulherada língua solta, melhor pra mim
Créditos: Demetrio
Como sabemos: a mulherada fala. Esse foi meu marketing pessoal. Entre ouvidos, minha fama foi crescendo além de diâmetros que eu nunca cheguei. Dizem que uma certa vizinha comentou que eu era maior que um tubo de desodorante. Cá entre nós, eu estou perto da média nacional, mas quem sou eu para reclamar de uma propaganda enganosa, não?
Talita ainda era uma recorrente. Tanto que eu nem contava ela no meu placar semanal. Normalmente aos domingos, após ver os gols da rodada, eu ligava para a rapariga e fazíamos incursões por ruas vazias e escuras. Aquele gostinho de ser pego sempre foi um afrodisíaco.
No flagra
Uma vez, eu e Talita fomos pegos “batendo ponto” dentro do carro, perto de uma praia. Felizmente, percebemos a presença dos “canas” em tempo dela se recompor. Atendendo aos carinhosos pedidos feitos pelos prestativos e gentis homens da lei, saí do carro para conversar com eles.
- Boa noite, senhor. – veio um deles falar comigo, enquanto o outro estava do lado do carro.
- Boa noite. Algum problema, seu guarda?
- Recebi um aviso de que estava rolando umas indecências dentro de um carro por aqui, procede?
- Claro que não, seu guarda! – respondi sem titubear
- Olha só, senhor, de longe via muitos movimentos nesse carro. O senhor pode me explicar o que acontecia aí dentro? Ela é menor?
- Seu guarda, ela tem a minha idade e nada acontecia dentro do carro.
- E por que a menina está toda descabelada?
- Cabelo ruim. – respondi
O guarda pediu documentos do carro e da carteira de motorista, o que atendi prontamente e, antes de sermos liberados, ele veio mais uma vez me interpelar sobre o que estava fazendo. Eu fui sincero:
- Senhor, pra ser sincero, vim aqui sim dar uma enrabada na mulherzinha aí, mas você chegou antes que eu pudesse ao menos tirar a calça.
Ele achou graça daquilo tudo e pediu para ir a outro local dar continuidade ao meu plano. O mais impressionante foi saber que o próprio guarda me deu os endereços de onde eu poderia terminar o trabalho. Não me fiz de arrogante. O homem da lei mandou, eu cumpri.
Notícia corre solta…
Créditos: Nina Victor
Na semana seguinte, mais uma vez nas piscinas com os amigos e vizinhos, fiquei sabendo que minhas aventuras pitorescas com Talita já eram de conhecimento geral. Por mais que eu estranhasse isso, pois Talita não morava perto da minha casa e nem tínhamos amigos em comum, permaneci quieto, apenas colhendo os louros da vitória.