Vamos falar um pouco de Rodrigo Hilbert. Um cara bonito, bem sucedido e que tem mostrado diversos dotes que geralmente homem nenhum tem. Confira agora!
Seria mais fácil começar esse texto pedindo pra que Rodrigo Hilbert parasse. Talvez o sucesso dele fosse ser bem maior se eu me desculpasse pelo transtorno e dissesse que um papo sobre ele se fazia necessário.
Tentarei escrever essas linhas com o comportamento que gostaria que taxistas tivessem em relação aos motoristas de Uber ou Cabify. Essas linhas são a resignação dono de uma fábrica de máquinas de escrever ao constatar a superioridade do computador pessoal.
Vamos falar um pouco de Rodrigo Hilbert
Vejam bem, eu não acho que Rodrigo deva ser parado. Sim, Rodrigo Hilbert foi um cara que zerou a vida. Simples assim. Bonito como nunca serei, bem sucedido como gostaria de ser, dono de uma vida que talvez eu não pensasse em como gostaria de ter.
Rodrigo faz da simplicidade uma excentricidade. O visual, além da beleza, chega a ser sofisticado por ser tão simples. E esse tipo de afirmação não dói, pelo menos não me doeu, só me inspirou.
Entender que Rodrigo Hilbert coleciona uma série de predicados simples é uma desconstrução respeitosa, mas muito necessária. Olhando de perto, quase todo homem, com um pouco de esforço e dedicação, é capaz de fazer 70% daquilo que Rodrigo faz.
Muitos até fazem, como meu avô, outro “Homão da Porra”, habilidoso e multi-tarefa, como nosso oxigenado muso mainstream. Tudo isso sem qualquer alarde ou grande reconhecimento.
Porém…
Acontece que eu realmente não sei o quanto ele precisou se esforçar para fazer tudo aquilo que é capaz de fazer. Minha resolução foi mais simples: eu resolvi me esforçar.
Claro, eu não vou conseguir ser bonito como o Rodrigo Hilbert. A maior parte dos carros da frota de Táxi de qualquer cidade também não devem ser confortáveis e luxuosos como os do Uber Black. Acontece que “sair do lugar” e buscar um atendimento bom, um serviço digno é uma opção pra todos.
Reclamar não ajuda em nada
Ficar reclamando do Rodrigo Hilbert não nos levará a algum lugar melhor. Tem muita gente que desiste pela falta de reconhecimento dentro de casa, da família ou de nossa sociedade. Bom, amigos, as mulheres geralmente nascem, crescem e morrem com cobranças similares e com toda essa falta de reconhecimento que alguns temem, não é mesmo?
Parte dessa inspiração passa pela compreensão de que nós somos apenas homens. Ser um “homão da porra” passa pelo reconhecimento de nosso papel de igual, de parceiro e também de admirador. Do mundo e também delas.
Seremos um pouco mais Hilbert quando conseguirmos olhar pra caras como o Rodrigo com mais resignação e vontade de aprender do que inveja. Seremos mais “homões da porra” sempre que compreendermos que a busca por uma nova habilidade doméstica não é um favor.
Não se trata de uma ajuda, se trata da sua independência e de sua parceria numa vida a dois.
O que eu aprendi com Rodrigo Hilbert
Sabe, o Rodrigo Hilbert me fez buscar lições de tricô na internet. A simples ideia de começar a fazer cachecóis já fez com que eu me sentisse melhor. Mesmo que eu ainda passe mais tempo brigando com os pontos e achando meu trabalho mal acabado, está valendo à pena.
Apesar da falta de espaço adequado, comecei a pesquisar sobre forja de metais, pensando que talvez um dia eu pudesse, por diversão mesmo, fabricar minhas próprias facas. Passei a olhar pra minha vida com mais respeito e vi que quase todos temos chances de sermos um pouco mais Rodrigo.
E ele ajudou bastante nisso…
Rodrigo também fez por nós, mesmo que alguns hereges não percebam. Fez com que muitas pessoas entendessem que carne animal não nasce no pé e que um animal morre para que possamos nos alimentar. Ok, nem todas as pessoas valorizam isso, mas isso é uma discussão mais ampla e não pretendo – mesmo que um dia o Rodrigo o faça – parar de comer carne ou discutir isso.
É possível, melhor dizendo, é provável que Rodrigo tenha defeitos. Não duvido que ele deixe a toalha molhada sobre a cama, que tenha chulé, frieiras ou caspa. É provável que Rodrigo cante mal ou não tenha ritmo, que não escreva bem ou tenha síndrome do intestino irritado.
Essa parte talvez nenhum de nós vá saber como é, só a Fernanda Lima ou a mãe dele. Essa quase certeza não me conforta ou alivia, eu sei que ele é feito de carne e osso.
Todos temos limites e defeitos…
Acontece que qualquer “Homão da Porra” tem seus limites e defeitos. A diferença é que resolvi acreditar que ser esse tipo de homem tenha a ver com a proporção entre qualidades e defeitos.
Preferi acreditar também que ser um Homão tem mais a ver com comportamento, que habilidades. Tem mais a ver com postura do que beleza. É mais sobre respeito em relação ao mundo. Também é muito sobre nós homens.
Tem muito a ver com nosso comportamento se aproximar de algo que deveria ser visto como comportamento de homens, não de garotos. E sim, foi isso que eu aprendi com o Rodrigo Hilbert. Aprendendo com ele, também passei a reconhecer, admirar, aprender e copiar outros “Homões da Porra”.
Finalizando
Sinceramente, muito obrigado, Rodrigo Hilbert! Continue assim, pretendo continuar aprendendo.
Um abraço de um aprendiz feio e sincero.