Confira toda a história, informações, tudo o que você precisa saber sobre espumante, champagne e prosecco. Veja agora!
Não se sabe uma data certa para o seu surgimento, mas essas bebidas aparecem em vários momentos históricos, como o símbolo do luxo, poder e elegância. Entretanto, vamos a uma breve explicação sobre o espumante, champagne e prosecco antes da história.
Um pouco da história do Champagne
Todo Champagne é espumante, mas nem todo espumante é champagne. Particularmente eu não concordo muito com essa lei, mas espumante é uma AOC, que em português significa Denominação de Origem Controlada. Isso quer dizer que só podemos chamar de champagne o espumante fabricado na região de Champagne na França, ou seja, mesmo que você importe a uva e repita exatamente o mesmo processo que é feito na região o seu será espumante e o deles champagne.
O mais louco é que não se pode vender nem um bolo com o nome champagne. Houve dois processos famosos na história, um contra uma marca italiana que vendia espumantes com essa denominação e o outro contra o mago da alta-costura, Yves Saint-Laurent, que tentou lançar um perfume com o nome champagne. Rapidamente um tipo de sindicato formado pelas empresas da região entrou com uma ação na justiça, os italianos foram proibidos de lançar a bebida com tal denominação e Yves obrigatoriamente mudou o nome do perfume para Yvresse.
O jeitinho brasileiro
Com o nosso jeito Brasileiro, tido em muitos lugares como um defeito, conseguimos uma autorização do supremo tribunal federal na década de 70 para produzirmos e vendermos champagne por aqui. Isso mesmo, nós produzimos champagne, vocês sabiam? O que ocorre é que a lei que regulamenta o champagne é de 1927, e nessa época já existiam varias empresas com ótima produção no Brasil, não tinha porque mudar. O fato é que temos uvas de tão boa safra que a Moët et Chandon, uma das vinícolas mais importantes da França, se instalou aqui também montando a vinícola CHANDON Brasil.
E o Prosecco?
No caso do Prosecco o método é um chamat, porém, a exigência é que a uva fosse a prosecco, que é endêmica da Itália, que recentemente também pediu exclusividade, com isso, o prosecco só pode ser produzido na região de Veneto ou Friuli. Todavia, a lei ainda não pegou, de modo que ainda é fácil encontrar proseccos nacionais sendo vendidos livremente.
Enfim, a bebida aparece em muitos momentos históricos, como coroações e denominações de títulos de nobreza. Acontece que Don Pérignon (1636-1715), um monge da abadia de Hautvillers, cidade próxima de Epernay, no coração de Champagne, já produzia vinho e por descuido guardou algumas garrafas ainda com açúcar dentro. Obviamente a fermentação continuou e a pressão dentro da garrafa fez algumas estourar, o louco bebeu aquele “vinho” estranho e se apaixonou. Dizem que sua frase ao provar tal néctar foi “Estou bebendo estrelas”. Obviamente que assim como na origem de outras bebidas, meu querido Don não tinha a menor ideia de como aquilo tinha acontecido e passou a estudar de modo a repetir o processo, e desse estudo vieram as contribuições mais importantes:
- Para produzir espumantes precisamos de garrafas mais espessas que as de vinho “tranquilos” (vinhos, não espumantes), pois essas estouravam com a pressão nas garrafas.
- Temos que substituir as rolhas. Houve época que foi de pano, houve também a ideia de por uns pauzinhos embebidos em azeite, mas Don Périgon que teve a ideia de por cortiça, que vinga até hoje.
- Cavar verdadeiras galerias para deixar o champagne na segunda fermentação, acredito que essa ideia foi feita repetindo a dos vinhos que já envelheciam nessa época. Hoje a região de Champanhe tem centenas de quilômetros em galerias subterrâneas.
Ele também foi responsável por uma melhor harmonização, fazendo as misturas e macerações mais adequadas para o processo. Afinal ele era O CARA.
Sempre tem algum problema
Só que mesmo com todas essas descobertas e modificações tinha algo que ainda atrapalhava. Com o segundo processo de fermentação, era necessário tirar da garrafa os resíduos que deixavam a bebida turva e atrapalhavam no sabor. E é aí que entra um dos meus personagens preferidos na história. Vocês já ouviram falar na Viúva? Ou em Mademoiselle Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin? Tá certo, vou facilitar. Vocês já ouviram falar em Veuve Clicquot? Sim meu caros, o nome de uma das marcas mais respeitadas e famosas de Champagne em todo mundo, é na verdade uma das mulheres mais influentes no mundo etílico.
Quando a Veuve Clicquot entra na história
Após a prematura morte de seu marido, que teve febre tifoide, a Viúva Clicquot como ficou conhecida em todo globo, tomou as rédeas dos negócios da família com apenas 27 anos. Ela foi a responsável por desenvolver um método que facilita a extração dos resíduos da segunda fermentação, era uma estrutura chamada estrado ou pupitre que deixa as garrafas inclinadas, essas são giradas diariamente de modo a direcionar os resíduos para o gargalo, alguns dizem que a invenção foi de seu chefe de adega, mas a senhora Clicquot é muito mais que essa invenção, eu conto a história dela depois.
Espumantes doces
Uma curiosidade é que se hoje muitos acham uma grosseria, ou ignorância, ou deselegante beber um espumante doce, saibam que a bebida era doce até 1846 quando uma empresa inglesa encomendou espumantes sem açúcar.
No reinado de Luís XV o champagne chegou a seu apogeu e dizem que o formato das flúte, as taças usadas para saborear tal liquido, foram inspiradas no formato dos seios de sua amante, a Madame Pompadour. Os menos românticos contestam alegando que o formato permite o aprisionamento do gás na bebida por mais tempo que em taças similares as de marguerita, que eram comuns naquela época, isso nada tem a ver com os seios de nenhuma Madame.
Período negro do espumante e prosecco
Assim como o Absinto, os espumantes também tiveram seu período negro, com os gritos de “liberdade, igualdade e fraternidade” da Revolução Francesa. Qualquer coisa que fosse sinônimo da nobreza e burguesia da época era odiado pelos revolucionários, então o champagne entrou na lista negra. Somente no império de Napoleão, já no fim, foi que o champagne voltou ao estrelato, mas suas guerras quase levou algumas empresas à falência. A Veuve Clicquot por exemplo, perdeu uma quantidade exorbitante de mercadorias que foram apreendidas em Amsterdan por conta do fechamento dos portos. Essa mercadoria ia em direção a seu melhor cliente, a Rússia, inimiga da França na época.
Há rumores que naquela época pedir uma viúva na Rússia era o mesmo que pedir uma garrafa de espumante, por isso a Viúva continuou vendendo pro inimigo escondido do imperador. Ele a odiava e dizem que não consumia espumante da marca.
Espumante submarino
Recentemente, mergulhadores descobriram nas profundezas do Mar Báltico garrafas de Vueve Clicquot que talvez datem dessa época. Alguns acreditam que podem ter quase 200 anos, enfim, ninguém sabe ainda ao certo. Óbvio que isso é uma fortuna pra quem achou, certo? Errado! Essas garrafas estão dando um problemão, houve até um leilão e uma delas chegou a ser arrematada por 68mil dólares. Mas aí começaram os processos, ocorre que o leilão é ilegal. Kerstin Odendahl, professora de Direito Internacional da Universidade de Kiel e especialista em questões ligadas ao patrimônio cultural da humanidade, pode explicar melhor:
Trata-se, evidentemente, das mais antigas garrafas de champanhe do mundo encontradas em estado de ainda poderem ser bebidas. Um valor histórico inestimável. Elas permaneceram mais de 100 anos submersas, ou seja, constituem patrimônio cultural submarino, segundo a Convenção da Unesco de 2001.
Isso quer dizer, meus caros, que elas não podem ser vendidas e nem consumidas. Sortudo foi o mergulhador, é que quando viu do que se tratava sua descoberta abriu uma garrafa e brindou. Ele disse que o gosto é maravilhoso. Enquanto esse impasse não se resolve, as garrafas estão guardadas em um lugar secreto de Åland, um abrigo subterrâneo equipado com alarmes de segurança e atrás de uma pesadíssima porta de aço, num refrigerador especialmente construído. A bebida fica protegida das oscilações climáticas, ataques a bomba e emissões radioativas. Que louco, não?
Classificações do champagne e prosecco
Podemos ter cinco classificações conforme o teor de açúcar adicionado para a segunda fermentação:
- Doux (Doce)
- Demi-Sec (Meio-seco)
- Brut (sem açúcar ou com o pouquíssimo que sobrar da fermentação)
- Extra-Brut (Extra-bruto)
- Nature (Pas Dose)
Os mais fabricados e vendidos são o Demi-Sec e o Brut. Quanto a fermentação, podem ser:
- Champenoise
- Charmat
- Asti
Alguns têm o gás natural, outros o gás é introduzido artificialmente, uns são ótimos e outros nem deveriam ser chamados de espumante. O fato é que não conseguimos mais pensar em festejar e brindar sem pensar num espumante. Mas só um conselho galera, eu sei que o custo para produção de espumante é bastante elevado, pra vocês terem uma ideia, antes de ser vendido a bebida deve descansar engarrafada por no mínimo dois anos, o que retarda o retorno monetário no investimento, talvez isso explique o preço de algumas garrafas.
Porém, temos ótimos espumantes a um custo considerável, e os nacionais tão fazendo bonito no mundo inteiro. Não é preciso ser caro nem importado pra ser bom, algumas casas da França até se instalaram aqui no sul do país pra aproveitar nossas uvas, a produção no Oeste Baiano, mais precisamente no vale do São Francisco, também tem cooperado com bebidas de qualidade reconhecidas mundialmente como o premiado Terra Nova brut rosé, então fiquem espertos e pesquisem um pouco antes de comprar, pra não investir absurdos para adquirir uma mercadoria valorizada apenas pela opinião alheia quando a que mais importa deve ser a sua.
Aquele abraço.