Em seu sétimo encontro, Armando vai pra Lapa e depois de beber um bocado leva a número 7 pro motel, quase brocha, mas no final da noite foi tudo bem. Confira!
Me ame como puder / Como o amor te deixar / Não vou gastar / Meu tempo pra lamentar
Tal qual a canção “Delírio” da Roberta Sá, não sou exigente com o amor que me é oferecido. A vida é a arte da gambiarra, a capacidade de ser MacGyver e transformar a sucata em instrumento de salvação. A miséria é minha realidade quando se trata de amor recebido e isso nunca me incomodou, pois me viro com o que tenho.
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Veja bem, leitor, eu não sou um exemplo de homem especial. Ao contrário do que pensam, falhei fervorosamente em todos os meus sonhos e hoje estou abaixo da mediocridade. “Quem é esse para querer algo especial?” – você pensa. Bem… sonhar me custa nada, só os erros. Então não reclamo do amor que me é entregue, mas isso não quer dizer que eu não queira algo melhor pra mim. A 7 tem esse perfil. Ela é especial.
Existe um fenômeno chamado “basic bitch” que vem infectando a mente de nossas meninas. As pessoas precisam se esforçar para serem especiais em algum ponto e, nos dias de hoje, gostar de Roberta Sá já é um diferencial.
O que é “basic bitch”?
São essas meninas que parecem produtos industrializados, figurinhas repetidas, mais do mesmo: short jeans de cintura alta, camiseta solta, sutiã aparecendo do lado, tênis All-Star e carão para a selfie. Esse estilo é lindo, as mulheres ficam maravilhosas, mas é tão comum que se torna medíocre. É uma pena. São meninas com tanto potencial, mas que se camuflam num mar de pessoas iguais. Entre “X”s e corações existe um mar de meninas que repetem poses, citações e esbanjam falta de criatividade. Mas olha… é muito fácil ser crítico do outro. Difícil é se aceitar no espelho.
São três da manhã, estou na Lapa e meu corpo começa a falhar. Aumentei meus exercícios diários visando ganhar mais fôlego, mas só alcancei exaustão muscular. Recém feitos 31 anos e começo a sentir minha existência tombar como um programa de improvisação da Globo. Leandro Hassum emagreceu, Fábio Porchat afinou, André Marques virou sex symbol, mas nada salva a classe média desse bacon do rancor conhecido como barriga. A Sete curte meus beijos, mas toda vez que me afasto, vejo seus olhos descerem meu corpo e… sabe quando a comida é boa, mas você percebe que vai ter uma indigestão? É a mesma situação aqui. Sete vira um copo de cerveja e me convida para o motel. Eu não sei se é uma boa ideia, mas ninguém quer desperdiçar algo especial, né?
- – Não tinha nenhum lugar melhorzinho?! – ela reclama do motel da Glória que sugeri.
- – As suas sugestões eram mais caras que meu orçamento. Esse eu posso pagar.
- – Se soubesse que me traria para um lugar tão insalubre, eu pagaria. Dane-se! Tira a roupa logo e vamos transar, Armando!
Em se tratando de ordens, sou ótimo em desobedece-las. Nasci pra subversão, não pra subserviência, o que por si só justifica mais da metade dos meus fracassos. Seguir ordens corta meu tesão e eu já não estou 100%.
- – Vai rolar de tirar a roupa não, 7.
- – Como assim, Armando? Quer transar de roupa?
- – Se eu tirar a roupa eu vou brochar.
- – Teu corpo é muito ruim sem roupa? Dá pra ver daqui que você é ruim, mas…
- – Não é isso, 7! É que eu odeio receber ordens e você mandou eu tirar a roupa e…
- – Você quer que eu mude a ordem? Eu mudo. Armando, fique de roupa!
- – Agora ficou complicado porque se eu tirar a roupa, eu vou desobedecer essa ordem, mas a gente sabe que a ordem mesmo é de tirar a roupa então…
- – Pera aí! Se tirar a roupa você brocha e se ficar de roupa você também brocha?
- – Puta merda! Odeio dilemas morais! Brochei!
- – Então… vamos embora antes que nos cobrem por esse quarto xexelento. Deve ter uns 15 minutos de tolerância
- – Calma! – eu começo a tirar a roupa – Acho que tenho uma solução!
- – Então ponha logo em prática, Armando!
- – Se você continuar me dando ordem, as coisas não vão funcionar.
- – Você quer o quê? Que eu implore?
- – Seria pedir muito?
- – Você teria que ser muito especial pra me fazer implorar.
Sete põe a roupa e sai do quarto num rompante. Um raio de tesão me atinge, fazendo o coração disparar e o sangue alcançar as extremidades de meu corpo. A desobediência é um afrodisíaco. Nessa hora a camareira entra no quarto e dá de cara com um Armando de cueca, duro e pra direita. Ela sorri com a felicidade de quem ganhou vinte reais na raspadinha. Não posso reclamar do amor que me é dado.
A vida é a arte gambiarra e eu sou o McGyver.