Um pouco sobre uma bebida que é supervalorizada e nem é tão boa assim: o champanhe.
Faça-me um favor: tome um shot e gentilmente limpe a sua mente. Me diga rapidamente, sem pensar: se você tivesse que escolher um tipo de bebida na terra para dizer adeus para sempre e nunca mais beber um copinho sequer pelo resto da sua vida, o que você escolheria? Você tem 5 segundos para responder…
O tempo acabou!
Decidiu? Hummm… você está errado! A não ser que você tenha escolhido champanhe, assim como eu. Nesse caso, você é meu tipo de gente e posso chama-lo de amigo mesmo que eu não te conheça.
Calma! Vou explicar porque eu não gosto dessa bebida.
Champagne é baboseira em um copo magrelo.
Créditos: Ruslan Grigoriev
Muita pose e nenhuma substância. As bolhas sobem e explodem no ar! Oooh, aaah! Ele borbulha, ele cativa os olhos! Ele cintila com status. É como quartzo citrino na forma líquida! Por incontáveis anos ele tem sido uma bebida ideal para brindes de festas classudas, o ponto alto dos casamentos mais extravagantes. É uma bebida de celebração. É uma bebida de grande tradição. E para isso, eu digo: foda-se.
Champanhe é a única forma de bebida potável que já experimentei pessoalmente que eu estaria perfeitamente confortável sabendo que eu nunca poderia beber novamente. Eu nem sequer precisaria de um último gole. Experimente pegar uma garrafa de Sprite e deixa-la no sol durante três dias. Depois disso, abra a garrafa e tome um gole. Este é o gosto do champanhe.
Mas por que você não gosta de champanhe?
Há uma série de razões para eu não gostar de champanhe e apenas algumas delas têm a ver com questões de guerras de classes. A principal razão é realmente seu gosto. Não importa se as garrafas são lindas ou se a bebida fica linda, toda borbulhante, em uma taça fina de cristal. Continua tendo gosto de refrigerante estragado.
Antes que você comece a me criticar, sim, já bebi champanhe diversas vezes. É a bebida oficial de festas de ano novo e de casamentos. Vai me criticar por eu confessar que odeio a bebida e mesmo assim tomo umas taças? Não há ética quando se trata de ser “livre”. Mas, embora eu tenha bebido esta especiaria em várias ocasiões, isso não me tira o direito de dizer que ela é supervalorizada. E ruim!
Vejamos o seguinte cenário:
Manoel vai se casar. A galera já está bebendo há algum tempo e muitos já encontram-se embriagados. Depois de alguns discursos improvisados e emocionados é feita uma roda. As pessoas possuem aquele sentimento de amor, amizade e união. As pessoas sentem-se felizes. Há esperança no verdadeiro, nas amizades e no amor. Que noite foda! Uma garrafa de champanhe é estourada. Todos gritam: Uhu!!!! As taças são preenchidas pelo líquido borbulhante. Todos levantam as taças e bebem soda limonada podre. Ahhhh! Alguns arrotinhos e mais gritos: uhhhuuu! Uhu???!!!
Existe uma razão na qual bolos de casamento são grandes, bem adornados, lindos. Um casamento, mesmo que não seja o primeiro da sua vida, é um momento lindo, diferente, especial. Um bolo de casamento não é um bolo qualquer: ele deve ser bem pouco saudável, com muito recheio, cobertura grudenta e ter o tamanho de 20 bolos comuns combinados. Desculpe, mas champanhe não combina. Onde está o brinde triplo com um shot de uma bebida de verdade? Brindes devem ser feitos com shots. Ponto!
Shot é shot, então vamos de Jägermeister
Na minha opinião um shot clássico é feito com Jägermeister. Copinhos de vidro robustos com 50ml de felicidade. Esses copos são de fácil manuseio e aguentam aquele brinde mais forte, quando os copos se encontram e produzem um barulho lindo, maravilhoso. Tente o mesmo com uma taça e você presenciará o banho mais caro da sua vida. Taças quebram! Brindes são momentos especiais, eternos. Serão lembrados para sempre. É aquela hora que todo mundo bate os copos e grita juntos em frenezy. Muito foda! Visualizou? Vai de champanhe mesmo?
Claro, não é só o aspecto delicado ou o gosto ruim que me incomodam no champanhe. Se você está em uma festa e bebeu uma taça de champanhe, desperdiçou um precioso espaço no seu estômago que poderia ser preenchido com algo mais digno. Beber é uma atividade física, e champanhe prejudica o seu jogo.
E as ressacas?
As de champanhe são as piores. Tente tomar um porre de champanhe e não vomitar. É praticamente impossível. Sem contar que a sua ressaca vai durar pelo menos dois dias.
Créditos: Paulo Gonçalves
Mas isso é o que o champanhe é, não é? Um puta desperdício. Falta a nitidez de uma boa tequila, a ousadia vermelha do Jäger, a satisfação na barriga de uma boa cerveja. Não importa que o teor de álcool é comparável a maioria dos vinhos e maior do que muitas cervejas. Às vezes isso não é tudo o que importa.
Essa questão do champanhe em celebrações é até compreensível: veja como o mundo, e principalmente a mídia, tratam o champanhe. São comerciais pomposos, com pessoas bem vestidas ostentando carros valiosos. Estourar uma garrafa de champanhe faz parecer que você chegou perto dessa camada da sociedade. Uma garrafa de um bom destilado, bom mesmo, não vai te custar muita coisa. Não to nem falando daqueles whiskies caríssimos, envelhecidos há não sei quanto tempo em barris de carvalho. To falando de um bom destilado, honesto, de boa procedência. Ainda assim, o whisky mais caro do mundo custa U$ 460,000.00. O champanhe? U$ 1.2 milhões. Acho que já disse o bastante.
Prefiro gastar menos e beber melhor
Eu vou gastar, sei lá, R$ 1200,00 em uma boa champanhe quando com menos de 100 dilmas eu posso comprar uma garrafa de Jager? Penso que não.
Mas parei. Por que estou trazendo à tona toda essa merda de negócios obscuros (re: os valores de high-end do mercado de champanhe) quando eu sei muito bem que a maioria de nós só vai ter grana para olhar a parte inferior da prateleira? Escrevo justamente para você não cair nessa armadilha na hora de brindar suas conquistas. Reserve seu dinheiro para coisas mais importantes!
Se nenhum dos argumentos acima te convenceram que o champanhe é uma bebida superestimada, vou tentar resumir: tem gosto de refrigerante estragado, é caro e está baseado em tradições bobas de pura ostentação. Se nada disso te convenceu do contrário, não tenho mais nada a dizer
Imagine um piloto de F1 comemorando sua última vitória, o tênis famoso segurando seu troféus após vencer um Grand Slam ou o batismo de um novo veleiro. Imagine todos aqueles jatos borbulhantes saindo pelas garrafas. Imaginou. Agora imagine-se lá. A graça de um brinde está no laço entre as pessoas, no torpor que a bebida causa, na graça que há em beber aquele copinho no dia-a-dia com seus amigos. Isso sim é glamour.
Finalizando
Veja, eu nunca disse que o champanhe não merece um lugar na sociedade, mas aquele lugar, meus amigos, não está na sua boca. Tradição e honra. Respeite a si mesmo. Espalhe essa merda no chão maldito onde ele pertence. Joga no ralo!
Em seguida, abra uma garrafa da sua bebida realmente preferida. É hora de comemorar o direito de viver. Sem hipocrisias. Sem imposições. Só verdades.