Quanto você escuta a palavra “bagaceira”, a primeira coisa que lhe vem à cabeça é derrota, bagunça, problema, dentre outros sinônimos. Todavia, vamos falar de outro tipo de bagaceira, mais especificamente, daquela água ardente proveniente da “terrinha”, leia-se, Portugal.
O que é Bagaceira?
A bagaceira é uma aguardente de vinho com teor alcoólico de 35% a 54% em volume, a 20°C, obtida a partir de destilados alcoólicos simples de bagaço de uva, com ou sem borras de vinhos, podendo ser retificada parcial ou seletivamente. É admitido o corte com álcool etílico potável da mesma origem para regular o conteúdo de congêneres.
Como já dito, a bagaceira é proveniente de Portugal, e foi criada por conta da sobra da vinificação da uva, ou seja, do bagaço criou-se a bagaceira.
Conte-nos mais sobre sua história!
Estima-se que no início do século XVII a produção de bebidas obtidas pela destilação de cereais, uva e sucos fermentados de outras frutas atravessaram fronteiras e começaram a se popularizar em diversos países europeus. Temos como exemplo a Alemanha, que fez a cereja originar o delicioso kirsh; a Itália fermentou e destilou o mosto produzido pelo bagaço da uva e criou a grappa; a Rússia fez o centeio virar a tão adorada vodca; a Escócia transformou cevada maltada em nosso valoroso whisky; o Japão fez o arroz virar o maravilhoso saquê; e Portugal, a sobra da vinificação da uva transformou-se na magnífica bagaceira.
Inexiste exatidão quanto a data exata de início de sua produção, já que não se sabe quem surgiu primeiro, a aguardente vínica ou a bagaceira. A bagaceira sempre teve um aspecto mais popular de rusticidade ligada ao homem do campo, enquanto a aguardente vínica é associada à alta aristocracia pela sua delicadeza e sabor refinado.
Você sabia?
Que a aguardente vínica e a bagaceira podem ser consideradas os pais da nossa amada cachaça? Pois é, foi graças ao know-how português que foram instaladas no Brasil as primeiras destilarias de cana-de-açúcar – chamadas de “casas de cozer méis”, que logo se multiplicaram pela facilidade de existirem engenhos que produziam açúcar e rapadura.
Dizem por aí que em 1756, o rei Dom José I, resolveu taxar a nova bebida tornando a cachaça em uma das maiores fontes de impostos para a coroa. Tais recursos foram utilizados para a reconstrução de Lisboa, que tinha sido abalada por um grande terremoto no ano anterior. Com o passar do tempo, de grande fonte de recursos, a cachaça chegou a ser proibida (Crê nisso?) – Fato que a tornou símbolo da independência da coroa e fez com que os destilados portugueses fossem banidos do país.
Provavelmente, foi a partir desse momento que na região nordeste do país o termo “bagaceira” ganhou a conotação de “coisa ruim”, o que logo se disseminou por todo o país.
Bagaceira Neto Costa
A aguardente bagaceira Neto Costa é considerada a melhor de Portugal, e tenho pra mim que é a melhor do mundo. Produzida em Portugal, possui aspecto límpido, é incolor e apresenta um aroma e paladar bastante típicos de aguardente de bagaço, o vinho-base é destilado em alambiques Charentais, depois disso, envelhece 10 anos em barris de carvalho da frança.
A bagaceira Neto Costa revela um aroma agradável de flores silvestres, dentro da boca, é bastante complexa, muito delicada, elegante e, originalmente, suave, lembrando uma grappa sem passagem por madeira.
Queremos mais indicações!
Seguem algumas indicações das melhores bagaceiras produzidas por aí:
Bagaceira Borba
A aguardente bagaceira Borba possui característica límpida a incolor, aroma intenso, agradável, ligeiramente frutada, com sabor suave e aveludado e teor alcoólico 40% Vol.
Bagaceira Aldeia Velha
A aguardente bagaceira Aldeia Velha é uma genuína aguardente bagaceira, produzida em tradicionais alambiques de cobre e cuidadosamente envelhecida durante mais de 12 meses em barris de carvalho americano, possui cor transparente com reflexos dourados conferidos pela madeira, aspeto brilhante, aroma delicadamente frutado e robusto, fazendo lembrar não só as uvas que a originaram, mas também a madeira por onde passou. Possui também um paladar suave, rico e bem estruturado. Teor alcoólico 40% Vol.
Bagaceira São Domingos
A aguardente bagaceira São Domingos é elaborada com bagaços frescos provenientes de uvas da região da Bairrada, vinificadas pelo processo de curtimenta. Esta distinta seleção de bagaços, bem como, o cuidadoso processo de destilação a vapor, feito em alambiques de cobre, permite-nos obter um produto de excepcional qualidade, reconhecido pelo consumidor mais exigente, com o sabor e aroma reveladores da matéria-prima: o bagaço. Teor Alcoólico 46% vol.