Armando conta sua jornada ao sair com a quarta menina do Tinder, um encontro pra lá de engraçado e com gostinho de quero mais.
“Não há ninguém perto de você”
O mundo precisa de mais Amy Winehouses e menos Wanessas Camargos. A loucura ainda é a melhor coisa que a humanidade inventou. Um pouco de exagero é a melhor solução para um mundo tão cheio de moderações e censuras. Onde foram parar as mulheres que dominavam malandros? Uma mulher “arredia” vale mais do que uma domesticada. Mais vale uma Maria Bonita, uma Pitty, que mil “mulheres pra casar”.
Assista também:
- 50 Tons de Tinder – Apresentação
- 50 Tons de Tinder – Encontro 1
- 50 Tons de Tinder – Encontro 2
- 50 Tons de Tinder – Encontro 3
- 50 Tons de Tinder – Encontro 5
Saio de uma reunião avisando que tenho um compromisso pessoal. Bem… é compromisso, é pessoal, mas, pra falar a verdade, não é mais importante que a montagem do primeiro documentário que participo como roteirista. “Ecovilas” é um trabalho genial e tem o debutante Rafael Togashi fazendo um trabalho delicado. No entanto, tem dias que o queijo da cueca é prioridade. Abandono Rafael e toda equipe para ter um date. Eu sei lidar com o catupiry da vida comum, mas gorgonzola é foda de aturar.
Créditos: Enrico Burani
Com uma garrafa de cerveja diante dela, 4 fuma um cigarro despretensiosamente. O que eu sei sobre ela? Nada. Pouco conversamos e ela foi logo me chamando para um encontro. Segundo a própria, “o mundo virtual não serve nem pra punheta”. Olha, queridos leitores, não vou comentar a frequência que visito os sites com conteúdo adulto, mas se uma pessoa lhe disser que o mundo virtual não vale nem um “polenguinho explodido”, é porque essa pessoa tá bem de vida.
E o que você faz quando uma pessoa bem de vida lhe chama pra sair? Você aceita o convite, oras!
- – Então… se você pudesse fazer uma coisa bem louca, o que você faria? – 4 me pergunta sem dó, sem querer conhecer minha vida
- – Agora? Oito da noite? Eu iria naquela igreja do lado do Rio Sul e entraria no confessionário.
- – Você é religioso?!
- – Não é isso. Eu iria lá pregar uma peça no padre.
- – Armando, estou gostando dessa história.
Contei para 4 sobre a brilhante ideia de enlouquecer os padres do Rio de Janeiro. Tiraria proveito do assassinato de um padre no litoral fluminense para assustar os homens de batina. Fazendo valer o segredo sagrado dos confessionários assustaria os padres com o seguinte discurso:
“Desculpe, Senhor, pois eu pequei. Eu matei aquele padre do litoral norte-fluminense. Se o senhor acha que eu tô arrependido, o senhor está enganado. Vim só avisar que eu tô ligado no horário de sua saída, padre. Aconselho não deixar a roupa na máquina de lavar, porque ela vai ficar com aquele cheirinho de quando esquecemos e… Bem… Acho que o padre já entendeu, né? Até mais tarde.”
4 ri. Ri ensandecida. Uma gargalhada tão do mau, mas tão do mau, que meu coração chegou a dar uma travada. É o sinal de perigo, leitores. Mulher má é chave de cadeia e coração de homem é oportunista como ladrão bêbado. Uma mulher que ri como a Malévola não pode ser algo bom. Foda-se! Esse gorgonzola não vai sair sozinho.
Com os braços abertos e sem falar uma palavra sobre ela, 4 me chama para um abraço e me beija. Um carinho, um cheiro, um beijo e um convite de continuar o encontro na Sinuca da Bambina.
Queridos leitores, para quem não sabe, às terças, a sinuca mais louca de Botafogo oferece um karaokê digno de dias de semana. Bêbados, rappers, velhos e crianças… Todos uníssonos cantando sucessos e clássicos. 4 não é uma mulher qualquer. 4 quer cantar “É o Tchan”. 4 quer que eu seja o Cumpadi Washington da dupla. E, olha… se eu não tivesse nascido pra ser um fracassado na escrita, poderia ter optado pela carreira de puxador de grupo de axé. Pelo menos é o que a minha mãe diz sobre a minha pessoa.
- – Quando eu lhe der o sinal, você grita “tchan tchan tututu pau”, ok? – ela me pergunta para logo em seguida roubar um beijo de me deixar sem ar.
A nova loira do tchan é linda e deixa ela entrar.
A vida é como uma canção de axé: é difícil falar palavras inteiras nos momentos mais importantes e optamos pelas vogais. Quando você ganha um prêmio, o que é que você faz? Você grita um “aaaaaaaahhhhh” ou “êêêêêê”. O que você fala quando se dá mal? “Putz…”, “Porra…”. Como funciona o axé? Funciona assim:
No meio da música, 4 me faz o sinal. Obediente que sou, começo a declamar o “tchan tchan tututu…” e antes de falar o “pau”, 4, com a força de uma vilã da Disney, enfia a mão por entre minhas coxas e me arranca um agudo “pau”. A turma que observa vai ao delírio. Os homens cumprimentam 4 pela tática vitoriosa. Eu? Eu escapo, com muita dificuldade, um “caralho” fragilizado e derrotado. A nota do karaokê parabeniza a dupla: 99.
Enquanto cato os cacos dentro de minha cueca, 4 olha nos meus olhos e diz com os olhos mais demoníacos e encantadores que uma mulher má pode oferecer:
- – Temos que sair de novo.
- “Êêêêêê… putz…” – eu penso.