Rufião – O Rei do Rio: Capítulo 3

Terceira semana. Mais de dois mil clientes. Kelly me fez alugar uma sala comercial em Copacabana. Ela abriu um espaço para bonecas (transexuais) e homens. Agora o site recebe o público LGBT e mulheres.

Expandi meu público alvo. Recebo, inclusive, propostas de sites internacionais para abrir meu “portfólio” para eles. Estou falando de milhares de dólares.

Maior clientela, maior o trabalho

Cafetão com mulher

Créditos: Storm Jury

Junto com isso, minha função aumentou. Muito café, pílulas de guaraná e energéticos me mantém acordado, escrevendo meus depoimentos sobre as mulheres, travas e homens. Falo de pequenos e falsos relatos sobre como foi a noite de sexo. Para dar verossimilhança, assino os contos como se fosse leitor do blog.

Pra comemorar o sucesso da empresa, Kelly alugou uma casa de festas perto da Zona Portuária do Rio de Janeiro e colocou todos assinantes e clientes lá. Entrada gratuita, mas cada um paga a sua bebida. Além disso, para aqueles que não pagam pelo site, vendemos uns ingressos adiantados por cinquenta reais.

Vendemos mil ingressos adiantados.

Vai começar a festa…

Festa com bonecos

Vai começar a putaria!

Créditos: Chi-chi

Com uma trilha sonora pra lá de sexual, embalada com Zebra Katz, Nine Inch Nails, Led Zeppelin, The Doors e outros, Kelly transformou a festa num evento de dar orgulho ao lado mais sombrio de Calígula.

Do camarote, na parte mais alta da festa, eu e Kelly estamos abraçados dando tchauzinhos, como se fossemos presidente e primeira-dama. Estamos numa área reservada para nós dois. Uma ou outra pessoa subiu para nos cumprimentar e elogiar o trabalho e o evento.

Jogo de mulher

Eu não entendo esse jogo dela. Diante das pessoas, Kelly age como se fosse minha mulher. Beijinhos, carinhos e até umas roçadas. No mais, é negócios a parte. Sempre me cobrando trabalho, postura e dedicação. Uma espécie de animadora de torcida com um chicote de couro. Ela não deixa meu copo de uísque esvaziar. Aliás, detalhe para o uísque que não tem idade para ser meu filho.

Mesmo sem ser minha sócia no papel, eu entreguei a Kelly todas as senhas do site e conta de banco. Ela mexe as coisas, eu só assino papéis e escrevo. Sou uma espécie de artista magnata, um canastrão sem dom artístico que, ainda assim, fatura muito como se fosse um gênio. Um exemplo? Marcos Mion.

Ela quer mais.

Mulher de 4 com dois homens

Ela sabe como pedir mais

  • – Eu tenho como levar nosso site para Belo Horizonte e São Paulo. O que você acha?
  • – Calma, Kelly. Esse site tem três semanas. Isso pode ser oco e amanhã esvaziar.
  • – Eu faço o investimento inicial, coloco o dinheiro na frente. Não se preocupe em me pagar. Não cobro juros e só vou usar o lucro obtido com os clientes dessas cidades.

Eu não sei de onde a Kelly tira tanto dinheiro. A verdade é que nunca a vi trabalhar. Os clientes chegam a enviar mensagens para o site perguntando se o celular dela está errado.

E nós, homens, sempre caímos

  • – Armando, vamos fazer isso?

Eu respiro. Estou levemente bêbado. Meu coração acompanha a batida da música. Kelly segura meu queixo e me rouba um beijo exatamente quando eu ia dizer “não”.

Tarde demais.

 

Dominatrix botando homem de 4

Acho que me dei mal…

Créditos: Jacob Fales

Ela me empurra com a ponta dos dedos até uma cadeira e senta em cima e de frente pra mim. Kelly desamarra o vestido. Eu não me seguro:

  • – Vamos para Minas e Sampa. O que você quiser eu faço.

Kelly me dá um longo beijo, levanta, veste-se, pega um celular e sai do camarote dizendo:

  • – Ficaremos ricos.

Finalizando

Sozinho no camarote, eu pego o balde de gelo e coloco sobre a minha ereção. Kelly faz o que quer comigo. Talvez essa seja a grande sacada das mulheres inteligentes. Ter os homens na mão. Para nós, é como um jogo de xadrez onde o homem passa mais tempo olhando o decote da adversária, não o tabuleiro.

É hora de ter controle sobre algo.

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