Armando conta como foi o seu primeiro encontro, sua primeira experiência trágica com uma mulher do Tinder. Confira!
- “Como foi que isso aconteceu?” – ela me perguntou pelo chat do Tinder
- “Da mesma forma que aconteceu com você: curtindo o perfil.” – respondi
Após uma série de perguntas típicas de questionário de RH, determinamos que o melhor seria usar o Whatsapp para conversar. Só então a conversa fluiu e marcamos um encontro: Segunda-feira na Praça São Salvador.
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Atrasei como de costume. Pude ver, de longe, o ar de decepção dela com a minha imagem. Eu nem abri a boca e já sabia que tinha um fora para receber. Imediatamente, na minha lista imaginária de resoluções de solteiro, iluminei a opção “emagrecer”.
- – Olá, você é a 1? – perguntei como se não soubesse
- – Sou. Você é o Armando? – o desânimo em cada sílaba arrastava minha autoestima para o bueiro mais próximo. Propus uma cerveja.
Se há algo magnífico é a inteligência. 1 não só era inteligente como também era engraçada e repleta de histórias. Como a minha vocação é escrever, as pessoas sempre aguardam de mim um pouco de facilidade na hora de contar fatos interessantes. 1 era uma mulher tão incrível, que passei a maior parte da noite ouvindo as histórias que ela carregava na vida. Um pouco mais nova do que eu, 1 já tinha viajado o mundo numa espécie de trabalho comunitário. Fui tão envolvido pelas histórias dela que esqueci de falar de mim mesmo.
- – E quando você vai falar sobre você, Mandy? Posso lhe chamar de Mandy?
- – Pode me chamar até de Ivete, mas não sei o que falar de mim quando você é mil vezes mais interessante do que eu. – respondi
- – Mandy, mas assim fica difícil, né? Você já não é um deus grego, tem ao menos que ser interessante, né?
- – Calma lá, 1! É o meu primeiro encontro depois do término. Tem que ter um pouco mais de paciência comigo.
- – Não, Mandy! Você namorava há quanto tempo? Cinco anos!! Isso tudo!! Em tempos de internet?! Sem trair?! Sem ser corno?! Nossa, Mandy, você vai se dar muito mal nesse mundo.
Assim que 1 termina a frase, corri para o ambulante e peguei outras duas cervas. As coisas desandavam de forma assustadora. Estávamos na quarta gelada e só eu sentia os efeitos. Decidi que era hora de deixar de ser um bobinho e fazer uso da minha língua afiada
- – 1, é meia noite e a praça tá esvaziando. Vamos continuar esse chope em outro lugar?
- – Ai, Mandy, tô achando que não vai rolar. Não é melhor cada um ir pra sua casa?
- – Tá louca! Enquanto você estiver só achando, eu tenho chance.
- – Eu tava sendo educada.
- – Eu tô sendo persistente. – ela se levanta e vamos na direção dos bares do Flamengo.
Essa é a pior parte da “arte da sedução”. As pessoas gostam da persistência. Se elas sabem que vão ceder na base da persistência, por que não aceitam desde o princípio? Ao aceitar meu convite para, numa segunda-feira, estender a noite, é porque 1 sabe que eu tenho chances. Nem que seja 1% de chance.
Chegamos ao bar.
- – Mas eu não posso ser tão ruim assim, 1. Você me curtiu.
- – Você é novo no Tinder. Mulher bêbada no Tinder perde os escrúpulos, aceita qualquer coisa.
- – Então o macete é curtir as minas sexta e sábado de noite?
- – Quinta também, se você procura mulheres independentes, Mandy.
- – Mas nada no meu perfil me ajuda?
- – Você escreve, né? Coloca o seu site e muda as suas fotos. Quem lhe falou com uma foto sua, sem camisa e na piscina iria lhe ajudar em algo?
- – É que tem mulheres que gostam de pelos…
- – Mandy, pelos, Mandy?! Você jura?! – dou um belo gole no chope enquanto ouço 1 me detonar – E tem muita foto sua de óculos escuro. Eu sei que olho claro em gente feia é desperdício, mas tenta mostrar algo de bom que você tenha. Como seus olhos verdes, por exemplo.
- – Assim eu me sinto sem esperança…
- – E, Mandy, essa sua baixa autoestima cansa, sabia. Mulher quer homem seguro. Não adianta ter pegada, pau grande, ser inteligente e ficar fazendo draminha. Um homem inseguro se destaca na multidão como algo ruim. Se o cara tem pau pequeno, as pessoas só vão saber se a mulher contar que ele tem um “pau de tamanho normal”.
- – Minha ex, falava isso de mim…
- – Sua insegurança?
- – Não. Pau normal.
- – Melhor a gente pedir a conta.