21 de maio, Dia Mundial da Cachaça

Fala galera do PdB. Primeiramente é um grande prazer poder participar do Papo de Bar. Esse site do qual eu já li bastante e foi/é, até hoje, uma das ferramentas de pesquisa quando estou estudando sobre coquetelaria, mixologia, barmen, bebidas, receitas, tendências, etc…

Meu nome é Michel Xavier e sou barman. Tenho maior orgulho disso, sério! Embora a profissão não seja tão valorizada quanto eu gostaria (mas isto está mudando bastante nos últimos anos), eu amo essa profissão desde o dia que trabalhei atrás de um bar pela primeira vez, em um evento. Daí comecei a ler, conversar, pesquisar e estudar sobre esse universo das bebidas e técnicas de preparo de coquetéis até me formar na área.

Quando lembrei que o Dia Mundial da Cachaça estava chegando, resolvi dar uma lida no conteúdo já feito pelo Papo de Bar sobre o assunto. Pensei em algumas coisas que devem ser levados em conta pra valorizarmos mais o nosso produto nacional. E cá estou eu…

Mimimi, preconceito e falta de conhecimento

Garrafa de cachaça e mulher dormindo

Bom, falar de Cachaça com brasileiros é meio complicado. A imagem da Cachaça até hoje é mal vista por grande parte das pessoas, infelizmente. E a tequila sofre o mesmo preconceito com isso. Pois ambas passam a imagem de algo amargo, algo que te deixa bêbado facilmente, entre outros MIMIMIs…

Basicamente, essa imagem pré criada e formação contagiante de opinião só acontece por 3 motivos:

1 – Falta de conhecimento dos consumidores

Muitos clientes quando chegam ao meu bar para pedir algum coquetel com Vodka ou até mesmo quando me perguntam sobre a carta de coquetéis do dia, eu costumo perguntar se a pessoa não gosta de Cachaça, se ela gostaria de experimentar o mesmo coquetel, porém sendo feito com cachaça. E a resposta, na maioria das vezes, é negativa.

Alguns dizem:

“Não quero ficar bêbado(a) rápido, estou devagar hoje, etc…”

Aí eu digo:

“Mas a cachaça que vou servir tem o mesmo teor alcoólico da vodka 🙂 “

2 – Produtos de péssima qualidade que dominam grande parte do mercado (ganharam visibilidade através do marketing)

Daí a pessoa retruca:

“Ahh, mas eu não gosto de cachaça, ela é muito amarga, desce rasgando!”

Mas eu insisto:

“Bom, experimenta tomar uma dose de vodka. Dependendo da qualidade (categoria) da Vodka, irá “rasgar” da mesma forma! 😉 “

A cachaça e a tequila são produtos maravilhosos se você se permitir conhecer cachaças e tequilas de qualidade. As menos impuras, que passam pelos processos de envelhecimento, destilações, etc, você conhecerá produtos de grande qualidade até mesmo pra tomar como shot ou no preparo de coquetéis. A tequila só ganhou essa má fama (aqui no Brasil) de deixar bêbado rápido, pela forma que é consumida (no copo de SHOT) e isso também por tomarem as tequilas batizadas dos carnavais de rua.

Uma das marcas que contribuiu pra isso é a 51, a famosa marca brasileira, por não ser um produto da melhor qualidade (pela forma como é produzida), não ser suave, saborosa, etc, o seu teor alcoólico passa a ser bem mais perceptível na degustação do que o sabor dela. Com isso, fica mais suscetível a rejeição do consumidor.

3 – Pela cultura brasileira (modismo)

barman fazendo drinks

Créditos: cpm3 photography

“Faz sentido o que você está me dizendo. Mas por que isso acontece?”

Estou dizendo que o Brasileiro é: Repetidor de informações, tem tendência a escolher o que está na moda e, a grande maioria, não dá tanta importância a qualidade do que está consumindo. Ou seja, infelizmente o brasileiro dá mais credibilidade a marca mais famosa e não procura pesquisar sobre o produto, comparar com os outros, para aí sim, formar a sua opinião.

O brasileiro não se permite conhecer produtos novos, acabam consumindo as mesmas coisas sempre nas comemorações, em casa, etc… e essa imagem das bebidas vai se espalhando de pessoa a pessoa.

Cachaça: Por que não a defendemos? Até quando veremos os produtos importados como melhor?

Não apenas falando dos consumidores, mas também quem, assim como eu, trabalha diretamente com bebidas, temos o hábito de repetir o que vem de fora. Procuramos criar novos coquetéis, na maioria das vezes, com os destilados lá de fora. Acredito que a grande maioria dos barmen brasileiros precisam passar por treinamentos, reciclagem e incentivos sobre a cachaça, nosso produto nacional. Na intenção de mudar essa aceitação, essa cultura e preconceito com o nosso produto.

É impressionante! De acordo com uma pesquisa feita pela Organização Mundial da Sáude, há exatamente 1 ano atrás, fizeram um ranking das bebidas mais vendidas no mundo. E a 51, está em décimo lugar nesse ranking, na frente do famoso Blended Whiskey Jack Daniel’s, por exemplo.

Você deve estar se perguntando:

“O que diabos ele tem contra a marca 51?”

Pequeno gafanhoto, eu não tenho absolutamente NADA CONTRA! Só acho lamentável existirem várias cachaças de qualidade em nosso país para nos representar lá fora e sermos conhecidos por esse produto, que não é o mais recomendável. Uma cachaça de extrema qualidade e que é da mesma empresa e poderia ser representante lá fora é a Cachaça Reserva 51.

O que acontece muito hoje em dia é que o profissional do bar, está antenado apenas ao que acontece lá fora. Claro, precisamos muito estar atentos ao que acontece no mundo e saber o que é tendência. Mas acredito que o processo criativo com os nossos produtos caem demais. Por exemplo, há pouco tempo que a caipirinha foi aceita pelo IBA como Coquetel Oficial. Levou 40 anos pra ser reconhecido.

“Então se continuarmos assim, quando teremos outro coquetel brasileiro, além da caipirinha, se tornando oficial?”

Ingênuo gafanhoto, os barmen e mixologistas brasileiros têm mais investimentos das marcas importadas, do que as nacionais. Isso acontece porque a maioria dos campeonatos são realizados por essas marcas de bebidas lá de fora. Pra mudar isso só se as marcas nacionais investirem mais no seu marketing e nos profissionais que estão diretamente em contato com o cliente e que podem influenciar na hora da sua decisão de compra, assim como fez a Cachaça Leblon quando anunciou o Marco de La Roche como seu embaixador.

Enquanto não investirmos mais no marketing do nosso produto nacional, não conseguiremos aumentar o hábito de consumo da cachaça no resto do mundo. Então é isso, vamos valorizar mais a nossa cachaça, vamos experimentar, criar coquetéis diferentes e incentivarmos as pessoas a consumirem mais a nossa cachacinha.

Mas e as receitas? Tá na hora já!

caipirinha de maracujá

Créditos: danilo cervan

Após ler outro post aqui do PdB sobre receitas de caipirinhas, com outras frutas. Lembrei de outras variações pra compartilhar com vocês e seguem abaixo…

Nota: Pra começar, antes de qualquer coisa, quero deixar bem claro aqui que é MITO essa história de que aquele bagacinho branco que fica no interior do limão azeda a caipirinha. Isso não é verdade, você não precisa retirar. Vejo muito barmen que retiram dizendo que azeda, mas isso não é verdade. O que azeda é o óleo que sai da casca do limão se você macerar demais.

Dica: Se você quer fazer uma caipirinha menos azeda possível, você não deve macerar demais o limão. Você deve espremê-lo somente o necessário para retirar o suco dele. Retire o bagaço de dentro apenas se você o considerar feio na bebida pronta.

Variações de Caipirinhas: Pimentas

Algumas são fortes demais. Nunca use, por exemplo, a malagueta. Já a biquinho, e a rosa, que são bem menos picantes e bastante sabor, são boas para os coquetéis e podem ir inteiras ao copo. Mas pimenta é especiaria que não serve apenas para dar aroma: um leve ardor cai bem com algumas frutas. Para deixar a bebida ardidinha na medida, a dedo-de-moça é ideal.

Preparo de Xarope de Pimenta:

Lave duas pimentas dente de moça, faça um corte, retire as sementes e bata no liquidificador com 1 litro de água e 1 kg de açúcar. Peneirar 2 vezes pra eliminar qualquer resíduo e estará pronto.

O Xarope de Pimenta fica muito bom em caipirinhas de manga, maracujá e tangerina. O modo de preparo é o mesmo, mas acrescentar apenas um dash do xarope. Experimente antes de servir alguém. Caso você erre na medida, certamente você não vai querer ser agredido.

Pimenta Rosa é maravilhosa pra pra preparar uma caipirinha cheirosa, com um leve amargor e visual diferenciado. Porém, ela não arde. Eu particularmente amo a Caipirinha de Tangerina com Pimenta rosa.

Caipirinha com mais de uma fruta

Frutas da época, além de mais em conta, as frutas são facilmente encontradas e estão mais frescas e gostosas. A manga rende ótimas caipirinhas. Para utilizá-la, escolha o tipo palmer. Algumas frutas, como a carambola, a mexerica, a pitanga e a amora podem variar de azedinhas a dulcíssimas, de acordo com a época. Prove antes de preparar o coquetel e, caso estejam bem doces, diminua pela metade o açúcar da receita. Essa regrinha de cortar ao meio é fixa para o caju, naturalmente bem doce.

  • Caipirinha de frutas vermelhas: Morango + framboesa + amora
  • Caipirinha de frutas amarelas: Maracujá + Manga + Abacaxi
  • Caipirinha de frutas verdes: Limão + Kiwi + Xarope de Maçã Verde (Opcional o xarope de maçã verde)

Gengibre

Meu filho, se você ainda não experimentou uma caipirinha de limão (ou tangerina) com gengibre, saiba que é mais gostosa do que a clássica. Eu, pelo menos, prefiro.

Modo de Preparo

Corte dois filetes bem finos de gengibre e acrescente na receita tradicional da caipirinha.

Ervas aromáticas e saborosas

caipirinha

Créditos: Vesna Züfle

Manjericão, hortelã, capim limão e outras ervas aromáticas devem ser usadas frescas, mas não maceradas junto com as frutas e o açúcar. Isso porque o óleo contido nelas pode resultar em gosto amargo ou expressivo demais, se pressionadas com o socador, fora que também ficará muito feio no visual do coquetel. Para tirar o máximo dos aromas, prepare as caipirinhas normalmente e adicione as ervas no final, quando as folhas liberam o aroma pouco a pouco na bebida. O misturador no copo também ajuda.

Canela em pó

Sensacional também na caipirinha de morango. Só cuidado pra não colocar muito, lembre-se: a caipirinha é de morango com canela e não de canela com morango! Lembrando que se você colocar muita canela, você irá escurecer o coquetel… Ele ficará amarronzado.

Atenção

  • Sejam livres pra fazerem a mistura de caipirinha e criarem como quiserem. A graça dessa brincadeira é descobrir sempre sabores e combinações novas.
  • Você pode fazer duas caipirinhas respeitando a quantidade em ambas (quantidades iguais de cachaça, gelo, açúcar e limão), mas a forma que você prepara elas faz toda diferença. E sim, existem algumas formas de preparo, e, com isso, o sabor delas alteram a cada forma. Mesmo você respeitando a quantidade em ambas.

Finalizando

Então galera, é isso! Se você leu tudo isso até o final, dê o seu feedback com o que achou do post. Dicas e críticas são sempre válidas. Obrigado pela atenção e espero poder escrever aqui mais vezes! Feliz Dia Mundial da Cachaça, um brinde ao nosso produto nacional.

Bebam com moderação!